Tido como ídolo da esquerda política, o líder cubano Fidel Castro morreu na sexta-feira 25. Em sua biografia contra opressão do capital econômico e dos EUA há entretanto um ponto indelével: foi perseguidor de homossexuais, os quais muitos foram mandados para campos de trabalho forçados. Para os instauradores do sistema socialista na ilha, homossexuais eram contrarrevolucionários e doentes.
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O próprio Castro admitiu a prática e se colocou como responsável. "Sim, deve-se assumir a responsabilidade. E eu assumo a minha. Foram anos de grande injustiça. E fomos nós que a fizemos", disse em 2010.
Castro tentou se justificar. "Tínhamos problemas de vida ou morte naquela época. Escapar da CIA, que cooptava muitos traidores dentre nós, mas, enfim, temos de assumir nossa culpa, e eu assumo a minha."
Há estimativas que cerca de 35.000 homens teriam sido enviados aos campos de trabalho, a maioria eram religiosos ou homossexuais. Para o Ministério da Saúde, as Umap - nome daquelas áreas - também eram forma de "curar a homossexualidade", reabilitar gays e lésbicas para o convívio social.
Ao comentar a morte de Castro, o jornalista, ator e diretor de teatro Alexandre Ribondi, de Brasília, lembrou de episódio em que foi vítima da postura de defesa da revolução feita por Cuba.
"A embaixada cubana em Brasília, nos anos 80, me negou o visto pra entrar na ilha por causa de dois artigos meus, publicados no Correio Braziliense, em que criticava a homofobia da revolução", disse Ribondi, importante ativista gay da capital do Brasil na época.
Apenas nos últimos anos, a ilha tem se aberto de forma mais consistente aos direitos LGBT. A grande condutora desse novo momento do país é sobrinha de Fidel e filha do atual presidente do país, Raúl Castro. Mariela Castro é chefe do Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex), que atua em diversas frentes para superar a discriminação e incluir LGBT na sociedade.