De cantora a empresária, Gisele Andrade tornou-se um dos símbolos da cena LGBT belo-horizontina e celebra seus 50 anos com festa nesta sexta-feira 24.
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Ao Guia Gay BH, Gisele relembrou um pouco de sua trajetória.
Nascida em Santa Maria de Itabira (a 130 Km de BH), Gisele começou a cantar na adolescência, acompanhada pelo pai, que também era músico. "Sempre gostei muito de música, promovia muitas festas, lá na minha cidade", conta.
Aos 21 anos, os pais "já com uma situação melhor", conseguiram emprego como telefonista em um banco para Gisele, que se mudou para BH. A música, no entanto, não foi deixada de lado.
"Eu cantava nos bares, ganhava meu dinheirinho e sobrevivia", lembra. "Nesse período todo, passei a cantar também em bares GLS e fui ficando conhecida."
"Os bares em que eu cantava lotavam e as pessoas falavam: 'Gisele, compra um bar, todo mundo te conhecer'. Eu só respondia: 'Quem me dera'. Até um cara falou 'você tem que abrir um bar e chamar de Gis' e foi passando o tempo", conta.
O sonho se concretizou anos depois quando Gisele foi demitida do banco. "Com o acerto de contas do banco, eu falei 'vou abrir um barzinho'. E consegui alugar um espaço com a ajuda de todos os meus amigos, que pintaram as paredes etc."
Surgia, ali, o primeiro Gis, na Floresta, em 2000. "Fiz barzinho e quando olhei não cabia mais gente ali dentro, deu super certo". Um ano depois, com o negócio rendendo um bom dinheiro e clamando para ser ampliado, ela foi em busca de um espaço maior.
"Passando com amigas pela Avenida Barbacena, vi esse galpão, sem estrutura nenhuma e falei: 'Vai ser aqui'. Reformei, abri e foi dando certo, indo 1 mil e tantas pessoas [por noite]. E foi lugar onde muita gente teve muita história."
Com bom tino para os negócios e talento para a música, Gisele tornou a casa noturna no Barro Preto um sucesso, mas o aluguel do espaço só aumentava.
Em 2012, mais dois grandes passos: a empresária conseguiu comprar o prédio onde o Gis funciona. "Depois eu resolvi fazer aquela reforma enorme, que foi fechado por seis meses e hoje consigo me manter porque o lugar é meu." Além de abrir o Liberty Hall, com foco no público feminino.
Na sua cidade natal, Gisele possui ainda uma terceira casa, Gis Eventos, gerenciada por sua irmã e que é alugada para eventos, como casamentos e festas em geral.
A empresária não tem planos imediatos, diz que como se livrou dos aluguéis, chega aos 50 anos bastante tranquila e vê mudanças na noite LGBT da cidade.
"Acho que o público gay se desviou para lugares alternativos. Hoje não precisa mais ir a uma boate para paquerar. Isso se faz em qualquer lugar", diz.
Ainda assim, seus estabelecimentos continuam bem e ajudam a fazer com que BH tenha o segundo maior número de espaços LGBT no Brasil. Que a capital mineira continue arco-íris!
Mais informações sobre a festa nesta sexta clicando aqui.