Nascido em Belo Horizonte, Anderson Cunha tem 42 anos e desde os dois anos vive em Contagem, hoje no Bairro Água Branca.
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Desde jovem, Anderson divide estudos, militância e carreira profissional no eixo BH-Contagem. Graduado em História e mestre em Educação e Docência pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), há 18 anos atua como docente nas redes municipais das duas cidades.
Assumidamente gay, Anderson é ativista e ajudou a fundar, em 2005, o Cellos - Contagem (Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual), no qual é presidente de honra. Esteve à frente da organização das 14 edições da Parada do Orgulho LGBT de Contagem.
Esta é a segunda eleição que disputa. Em 2016, candidatou-se a vereador pelo PT em Contagem e obteve 1.029 votos. Filiado ao Psol, ele agora disputa cadeira como deputado federal. É o único candidato ao Congresso assumidamente gay por Minas Gerais.
O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em relação à proteção e legislação pró-LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que o Brasil avance nessa questão?
O Brasil já avançou em algumas legislações específicas nos três nives de poder: municipal, estadual e federal. Algumas garantias legais avançaram mais pela ação interpretativa do Judiciário, e menos pela ação dos legisladores. Ainda assim, o arcabouço legal não foi traduzido concretamente em políticas públicas eficazes para a população LGBTI.
Existe hoje, mesmo no campo legal, uma disputa política dos setores fundamentalistas da sociedade para impedir, por exemplo, ações afirmativas em áreas como a educação, onde atuo profissionalmente. Movimentos como o Escola Sem Partido não admitem nem a presença da palavra "gênero" nos textos dos planos de educação.
Meu compromisso é continuar lutando para preservar os direitos sociais conquistados no período de redemocratização do País e evitar o desmonte da Constituição de 1988. O ataque aos avanços sociais das últimas três décadas afeta a todos os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras, insere-se ai também a população LGBTI.
Quais são seus projetos para a população brasileira em geral?
Os meus compromissos estão diretamente ligados à minha biografia. A defesa da educação pública, gratuita e de qualidade social para todos e todas, da educação básica ao ensino superior. Reconhecimento e valorização dos profissionais da educação.
A compreensão da cultura como direito social garantindo não só o acesso como o fomento e a valorização dos processos de criação cultural e de proteção da memória e do patrimônio. A firme defesa dos direitos humanos como pilares da democracia.
A discriminação de qualquer natureza ofende dois princípios fundamentais: a dignidade e o direito à igualdade de toda pessoa humana.
Por isso, comprometo-me à lutar por políticas de igualdade social e contra toda forma de violência e discriminação da população LGBTI, mulheres, negras e negros, pessoas com deficiência, idosos, crianças e jovens. Além disso é necessário pautar a revogação da Emenda Constitucional que compromete os investimentos nas políticas públicas e preservar os diretos dos trabalhadores combatendo a desfiguração da CLT e a terceirização total.
Votar em você é ajudar a eleger pessoas do seu partido e da sua coligação. Quais são esses partidos? Qual o compromisso deles com a cidadania LGBT?
Votar em mim é votar num projeto político que busca combater as profundas desigualdades da sociedade brasileira. Tenho orgulho de fazer parte da chapa "Frente Minas Socialista", uma coligação do Psol e do PCB.
Nossas candidaturas, majoritárias e proporcionais, estão fortemente comprometidas com as pautas do movimento LGBTI e isso se espelha na representatividade e simbolismo das candidatas e candidatos.
Para o governo de Minas temos as professoras Dirlene Marques, candidata a governadora que conheci quando atuava no movimento estudantil universitário no final da década de 90 na UFMG, e a Sara Azevedo, candidata a cogovernadora assumidamente lésbica.
Para o senado temos a Duda Salabert, professora e primeira travesti candidata a senadora no Brasil, e o professor Túlio Lopes também meu colega de profissão. Uma chapa de educadores com mulheres e LGBTIs ocupando espaços de destaque. Isso sem falar na chapa nacional com o [Guilherme] Boulos, candidato a presidente representante dos movimentos populares, e da Sônia Guajajara, a primeira indígena a disputar a presidência em mais de 500 anos de História do Brasil.
O compromisso do PSol com a cidadania LGBTI fica evidente na atuação sempre determinada e coerente dos parlamentares do partido na Câmara Federal com destaque para o Jean Wyllys, o único deputado federal assumidamente gay.
Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay BH com candidaturas de LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas, partidos e coligações de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.