Gerou muitas reações nas redes sociais afirmações da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) de que pessoas trans não devem ser responsabilizadas pela luta não-binária e que não considera formalmente esse segmento como indivíduos transgêneros.
Curta o Guia Gay BH no Facebook
A contenda começou quando a entidade postou em seu perfil no Instagram, na terça-feira 8, texto em que afirma o "T" da sigla "LGBTI+" representa, de acordo com a última conferência nacional LGBT, "travestis, mulheress transexuais, homens trans e pessoas transmasculinas".
O post não foi apagado.
Em resposta, uma pessoa cobrou: "O T de Transgênero também abarca aí es não-bináries, não esquecer".
E a entidade continou com afirmações de que "pessoas trans NB precisam se organizar politicamente" e "sem cobrar das outras pessoas trans que estão na luta a responsabilidade sobre suas necessidades".
Tal postura contrasta com demandas de muitas pessoa trans para que LGB atuem em prol da causa delas. Muitas vezes colocam esse trabalho inclusive como dever de pessoas cisgênero.
"Travestis, mulheres e homens trans, e pessoas transmasculinas são identidades trans já consolidadas e reconhecidas na luta lgbti. 'Novas' identidades ganharão espaço conforme forem tendo acesso ao debate público e construam alianças que fortaleçam sua luta. Mas essa responsabilidade não é nossa. A transfobia é responsabilidade da cisgenaridade", explicou a outra pessoa.
Ao mesmo tempo, de forma contraditória, a entidade afirmou em outra mensagem que não existem pessoas trans binárias.
"Não acreditamos que existam pessoas trans binárias e afirmar isso coloca pessoas trans em um lugar extremamente nocivo. A binariedade é um delírio cisgênero."
A declaração é contraditória, já que uma das principais lutas de muitas pessoas trans é o reconhecimento legal, linguístico e social do gênero feminino ou masculino, base do binarismo de gênero.
Chamar pessoa trans com artigo gramatical que não seja condizente com o gênero afirmado pelo indivíduo, por exemplo, é considerado crime no Brasil.
Houve quem concordasse com o posicionamento da entidade na exclusão de pessoas não-binárias, mas a maioria criticou as declarações e a postura de cercear o debate e calar críticas.