O ano de 2020 foi muito especial para Amora Camargo, de nove anos. Não foi apenas quando ela transicionou e passou a viver conforme seu gênero feminino. Nos últimos meses, ela realizou outros dois grandes sonhos: virar miss e conhecer o prefeito de sua cidade, Sertãozinho, interior de São Paulo.
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No sábado 19, ganharam as redes sociais fotos do político, Zezinho Gimenez, com Amora, que exibia sua coroa.
A mãe, Paulinha Camargo, explicou a nossa reportagem o quanto significou esse encontro para a pequena.
"O Zezinho é uma pessoa muito importante na cidade, foi várias vezes prefeito. E a Amora tinha esse sonho mesmo de conhecê-lo."
A oportunidade e a vontade não vieram por acaso. Paulinha explica que o mandatário é grande apoiador da ONG local Primavera, com foco na cidadania LGBT, e do Mães Pela Diversidade, coletivo do qual ela participa.
Aliás, essas duas instituições têm muito a ver com todas conquistas de Amora.
Paulinha explica que o suporte recebido pelo presidente da entidade de Sertãozinho, Rodrigo Cavalheiro, e a troca de informações e experiências que têm com outras mães e pais de crianças e jovens trans foram e ainda são importantes para fazer de Amora uma criança realizada.
Foi dessa rede de contatos que surgiu, em meados do ano, empresa especializada em concursos de misses. A demanda era realizar o grande desejo da criança de competir.
Rodrigo explica que a conversa com a agência foi cercada de cuidados para que Amora não tivesse qualquer experiência traumática.
"Pensamos em inscrevê-la no concurso regular de miss, mas poderia haver rechaço de pais e mães de outras crianças", disse o ativista.
A saída foi dar a ela, por aclamação, a coroa e faixa de 1ª Miss Trans Infantil de Sertãozinho e depois de Miss São Paulo na mesma categoria.
Outro grande momento seria dar a Amora a faixa nacional, o que seria realizado em agosto durante o Miss Gay, em Juiz de Fora (MG). A pandemia adiou essa realização.
Enquanto isso, é cotidiano o trabalho para que o preconceito não tire o brilho do sorriso da pequena, explica a mãe.
"Há muita falta de informação! Na escola, tive conversa de uma hora com a diretora. Ela ouviu tudo, expliquei o que é transexualidade, foi ótimo. E hoje minha filha é muito respeitada e querida lá. E já tem o nome social nos documentos."
Pelo visto, nada fará a coroa de Amora cair já que ela não vai baixar a cabeça!