Com passado pró-LGBT, ex-deputado pode ser processado por homofobia

Roberto Jefferson desqualificou ministros do STF ao ligar homossexualidade à falta de moral para julgar

Publicado em 22/07/2020
Roberto Jefferson pode ser processado por homofobia
Após repercussão de suas falas, Jefferson pediu desculpas pelos 'excessos'

Presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e relator de projeto de lei no Congresso que legalizaria a união civil de homossexuais, Roberto Jefferson pode ser denunciado por homofobia.

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Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, um grupo de advogados estuda representar contra Jefferson no Ministério Público.

O motivo foi entrevista em que Jefferson sugeriu que dois dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) são homossexuais chamando-os "sodomitas". Ele apelidou o ministro Luís Roberto Barroso de "Lulu Boca de Veludo" e o ministro Edson Fachin de "Carmen Miranda".

"Tem dois ministros lá [no STF] que têm esses gostos, né? É, tem. Tem ministros de rabo preso e dois de rabo solto. Um é o Carmen Miranda e o outro é o Lulu Boca de Veludo. É uma coisa… Você imagina um homem desses julgando“, disse o ex-deputado durante a entrevista na segunda-feira 20 ao canal bolsonarista Questione-se.

À coluna, o advogado Pedro Martinez, da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB, afirmou que o ex-parlamentar atinge a dignidade de toda a comunidade LGBT  "ao dizer que gays ou bissexuais não podem ser ministros do Supremo".

Jefferson foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro durante o esquema que ficou nacionalmente conhecido como "mensalão".

Por ter ajudado a denunciar outras pessoas, foi poupado de prisão em regime fechado. Seu mandato foi cassado pela Câmara dos Deputados em 2005, após passar 22 anos no Congresso.

Nos últimos meses, o ex-deputado voltou a ser citado na mídia como um grande defensor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O seu partido pode ser escolhido pelo mandatário para se candidatar à reeleição. 

Em suas redes sociais, Jefferson considerou sua fala "piada de mau gosto sobre os gays", pediu desculpas e disse não ser homofóbico.

Em outro post, o ex-parlamentar publicou foto de Toni Reis, presidente da Aliança Nacional LGBTI e ativista mais influente do País em 2019, chamando-o de amigo e afirmando que pediu desculpas a ele pelos "excessos".


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