Por Welton Trindade, de Buenos Aires
Um beijo na boca sem pudor algum entre Evita e Cristina Kirchner imaginado em um cartaz. Quarteirões e quarteirões de vendedores ambulantes de linguiça, empanadas e muitos artigos arco-íris. Gritos a favor do aborto e pelo rompimento de contrato do país com o Fundo Monetário Internacional. E tudo isso com glitter!
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O resumo é tentativa de demonstrar a vibração colorida e muito politizada da 28ª edição da Parada do Orgulho da Argentina, realizada no sábado 2 de novembro.
O agito, que na cidade portenha sempre vem com muita crítica política, começou ainda no meio da manhã com shows musicais em palco montado em frente à sede da Presidência da República, a Casa Rosada.
A famosa e elegante Avenida de Maio, caminho mais natural para a concentração, tornou-se um grande mercado improvisado, por mais que previsto, de artesãos, vendedores de ocasião e donos de carrinhos de comida. O chão era a grande vitrine, até dos alfajores de maconha.
Ao redor do palco, aí sim, barraquinhas bem estruturadas com a grande menor parte do shopping que virou toda a região.
No palco, discursos ativistas com demandas que tinham a proeza de parecer coerente reivindicar no mesmo pacote legalização do aborto, a defesa da liberdade de prostituição, o respeito à prática de sadomasoquismo e mudança na lei nacional de assistência a pessoas que vivem com HIV.
Esquerdista e peronista, o evento virou grande celebração pela derrota do liberal Mauricio Macri para o novo nome do kirchnerismo, Alberto Fernandéz, que ocorreu no domingo anterior na corrida pela Presidência da República.
A caminhada começou com atraso de cerca de 40 minutos após o horário prometido de 16h rumo ao Congresso Nacional.
O desfile teve 28 caminhões improvisados com caixas de som amarradas para animar o pessoal com um pouco de música nacional, hits não tão atuais de divas pop e algo de reggaeton.
Nos veículos, marcas de cerveja, sindicatos, partidos, organizações LGBT e de atuação contra HIV. No chão, algo típico das manifestações de rua no país: pessoas empunhavam faixas de metros de altura com recados políticos e nomes de coletivos organizados.
A animação só era superada pela tranquilidade da caminhada, feita pela Avenida de Maio e desistalando parte dos ambulantes. Impedidos pela organização de atuar, policiais eram raros e não fizeram falta alguma. A segurança e o clima de paz eram ideais.
Por volta das 19h, o último caminhão, antecedido por meio milhão de pessoas, de acordo com a organização, fez parada na icônica Avenida 9 de Julho por alguns minutos e, no som, Madonna cantava "No llores por mí, Argentina". Senha, talvez, para avisar que quem gostou pode voltar no ano seguinte! Pelo visto, o mesmo meio milhão e bem mais!
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