Um jovem gay foi morto a facadas na chamada "Rua da Diversidade" em Madureira, zona oeste do Rio de Janeiro. Duas travestis são apontadas como autoras do crime.
Em manifestação no Twitter, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) demandou apuração do caso e pediu para que as pessoas não acusassem as pessoas trans e se perguntem se a vítima merecia ter morrido.
Na madrugada do domingo 30, bombeiros do Quartel do Campinho encontraram Odair Francisco Gutzlaff, de 32 anos, já sem vida.
O corpo estava na Travessa Almerinda Freitas em frente a uma das mais tradicionais boates LGBT da cidade, a Papa G, e próximo à outra boate também LGBT, a Pandora.
Testemunhas teriam dito que uma delas controlava ponto de prostituição no local. Ela teria tentado assaltar Odair. Há relatos de que foram 11 facadas.
Há informações não confirmadas de que a vítima morava sozinha em Rio das Pedras e tinha vindo de São Paulo, onde vivia sua família. O desentendimento entre Odair e uma das autoras do crime teria começado dentro da Papa G.
A Secretaria de Estado da Polícia Civil explicou que a investigação está em curso e que imagens de câmeras de segurança podem ajudar a identificar as autoras do assassinato.
Ainda é desconhecido o motivo do crime.
Saber que 2 travestis mataram um gay ,em plena ruazinha de Madureira,que é um lugar extremamente simbólico pra tantos é surreal de triste . Isso não só atinge uma vida perdida , isso gera um efeito borboleta inimaginável. pic.twitter.com/Dh4kSaaG4k
— Cardoso - Ex piranha (@LucasCardosoMor) January 30, 2022
Nas redes sociais, ambas as casas noturnas se pronunciaram lamentando o episódio.
Também nas redes, inúmeras pessoas - muitas delas, LGBT - disseram que há bastante tempo a região se tornou perigosa e que as travestis que se prostituem no local constantamente roubam e ameaçam frequentadores das boates.
Em pronunciamento no Twitter, a Antra, maior entidade ativista trans do País, lida com a possibilidade de ter sido apenas uma travesti a responsável pelo crime e que o ocorrido pode ter sido resposta merecida a uma suposta provocação da vítima.
"Daí vemos a notícia de que a suspeita seria travesti e as pessoas automaticamente sentenciam: 'marginais, é por isso que sofrem preconceito e são assassinadas'. Nunca rola a dúvida: 'será que esse homem a provocou ou fez por merecer? Será que não foi legítima defesa?", escreveu a Antra.
A fala da entidade, feita no domingo 30, ocorre dois dias depois de publicar levantamento nacional de assassinatos de pessoas trans.
No relatório de 142 páginas, o coletivo não coloca tais perguntas ao tratar dos casos que vitimam o segmento trans nem fala de merecimento de morte como atenuante ou justificativa.
Dias antes, a Antra fez publicação em que afirmou que uma pessoa trans nunca será homofóbica, pois não teria poder social para oprimir um homossexual.