O rosto do ativista LGBT Gregory Rodrigues estará nas urnas em 2 de outubro como candidato a deputado estadual em Minas Gerais pelo PDT.
Ele coloca à disposição do eleitorado sua extensa formação acadêmica.
O pedetista é licenciado em história, bacharel em teologia, especialista em planejamento educacional e políticas públicas, psicopedagogia clínica e institucional e docência do ensino superior.
Somado a isso, ele diz oferecer vontade de fazer mandato junto às pessoas. "Quero fazer um mandato participativo, no qual eu, enquanto parlamentar, seja mais ouvinte do que 'falante”.
Gregory respondeu a perguntas do Guia Gay BH.
O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que o estado de Minas Gerais avance nesse campo?
O primeiro passo é compreender que o Brasil apenas figura nesta posição, pois a mais alta corte de Justiça do País, o Supremo Tribunal Federal, cumpriu seu papel de guardião da Constituição Federal ao reconhecer a inércia do parlamento no que se referem as legislações que contemplem a população LGBTI+.
É importante salientarmos para quem nos lê, que se hoje podemos nos casar, doar sangue, adotar etc, não é graças aos deputados e senadores! Somos um país que não encontra respaldo em nenhuma legislação à nível federal que garanta nossa cidadania e dignidade.
Tenho abordado durante a campanha que não quero ser um candidato adepto ao hábito de fazer inúmeras propostas para depois correr o risco de não conseguir cumpri-las.
No entanto, assumo o compromisso de ser buscar o diálogo com a população mineira para compreender quais as reais demandas existentes e assim seguir para a proposição adequada ao cenário.
A base para fazer com que Minas Gerais avance no quesito políticas públicas LGBTI+ é a representatividade. Não há a menor chance de progresso enquanto tivermos um parlamento com a formação atual, de maioria conservadora e fundamentalista.
Fora a questão LGBT, quais seus projetos para a população mineira em geral?
Adotei como norte na campanha o Projeto Mineiro de Desenvolvimento Sustentável, escrito pelo meu amigo e deputado federal, Dr. Mário Heringer.
Minas Gerais tem múltiplas vocações e todas precisam ser bem aproveitadas. Este projeto aposta nas pessoas, em seus sonhos, seus desejos e suas reais necessidades, em sua dignidade e sua autonomia, qualidades que são favorecidas com o acesso ao emprego e renda, pois é inaceitável ver nosso povo voltando à miséria.
Ao invés de simplesmente aceitarmos o desemprego estrutural como resultado da revolução informacional, há o grande desejo de nos adiantar junto às modalidades de emprego, abrindo espaço para o interesse de nossos jovens em desenvolvimento tecnológico, produção científica e economia criativa, fortalecendo nosso mercado interno e aprimorando nosso posicionamento em mercados estratégicos.
Não dá para aceitarmos uma posição de dependência do cenário internacional e muito menos acatar o subemprego e a informalidade.
É mister compreender que a geração de empregos anda de mãos dadas com o atendimento às necessidades de nossa população e com a construção de resiliência ambiental e climática, fator urgente e grave que aflige nosso estado, com especial recorte para o atual descalabro que ocorre com a serra do curral.
Em que seu mandato vai se diferenciar ou inovar em relação ao que se tem na política atualmente?
Quero fazer um mandato participativo, no qual eu, enquanto parlamentar, seja mais ouvinte do que “falante”, apesar do nome parlamento trazer a memória o “falar” como significado.
A Constituição Federal nos diz que “todo poder emana do povo, por meio de seus representantes eleitos”. Então, urge que aqueles que se dispõe a lutar por um mandato compreendam que a participação da sociedade seja real e efetiva e que as discussões e proposições a serem apresentadas em plenário pautem-se por este viés e não por discursos muitas vezes mirabolantes baseados em convicções pessoais, religiosas e etc. Quero ser um parlamentar próximo dos eleitores!
Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay BH com candidaturas de pessoas LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.