Guiana: prisão perpétua para gays. Lésbicas e trans são livres

País é o único da América do Sul que penaliza o sexo entre homens

Publicado em 17/12/2023
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Sexo entre mulheres nunca foi crime. Ser trans, deixou-se de sê-lo em 2021. Gays e homens bi, sem perspectiva

O Brasil, segundo do mundo com mais direitos para LGBT, tem fronteira com nação cujo Código Penal determina até prisão perpétua a gays e homens bissexuais. 

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Atualmente nos noticiários mundiais por estar sob ameaça de invasão pela Venezuela, a Guiana reclama o seu direito à autonomia e seu território, mas está na lista dos 63 países no mundo que criminalizam o sexo entre homens, portanto, que não respeita a cidadania plena. 

O país, de colonização britânica, tem o inglês como língua oficial e é casa para 800 mil pessoas, das quais 40% tem ascendência hindu e 30% africana. 

Na Guiana, a homossexualidade é condenada assim como o sexo anal e oral. Para a legislação, trata-se de atos de grande indecência. Especificamente para o sexo entre homens, há de penas de dois anos, 10 anos e prisão perpétua. 

joel earl simpson
Ativista Joel Earl Simpson: 'Somos criminosos não presos'

A lei tem como origem as regras do Império Britânico e continuou válida após 1893, quando a região se tornou independente e formou um país. 

A ONG Human Dignity Trust, dedicada a lutar contra leis que criminalizam a homo e a bissexualidade, afirma em relatório sobre a Guiana que a norma, apesar de não utilizada, é base para discriminação. 

"Não há provas de que a lei tenha sido aplicada nos últimos anos, no entanto, os relatórios sugerem que a lei é por vezes utilizada pela polícia para intimidar homens considerados homossexuais. Independentemente da aplicação, a mera existência desta disposição é em si uma violação dos direitos humanos e sustenta novos actos de discriminação."

Nunca houve restrição para o sexo entre mulheres. Quanto à identidade de gênero, em 2021, o Poder Legislativo, por indicação do Poder Judiciário, derrubou lei que considerava crime vestir roupa do sexo oposto. 

Em entrevista ao Guia Gay, o ativista gay Joel Earl Simpson relatou como é viver em um país que criminaliza seu desejo sexual e sua afetividade. 

"Parece que você é um cidadão de segunda classe porque a lei do país o classifica como um 'criminoso não preso'. Embora a lei não esteja sendo aplicada diretamente pelo Estado, ela é aplicada indiretamente pela polícia e até por funcionários do Estado no tratamento discriminatório que nos dispensam na prestação de serviços públicos."

Joel, presidente da ong Sasod, dedicada à liberdade de orientação sexual, consegue atuar como defensor de direitos humanos, dialoga com vários setores do governo para o desenvolvimento de políticas públicas para gays e homens bissexuais, e inclusive organiza a parada do orgulho, mas entrará em 2024 sem nenhuma perspectiva de o seu país não o ver como um infrigidor da lei. 

 

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