Um jornalista gay denunciou nas redes sociais e irá à Justiça após ter contrato de aluguel recusado por causa de sua orientação sexual.
O espanhol Albert Mateu, que trabalha para o Telediario da TVE, compartilhou em seus perfis parte da conversa que teve com o proprietário de um apartamento no bairro de Legazpi, em Madri.
O proprietário, que vive no mesmo andar do apartamento que está para alugar, perguntou a Albert sobre seus gostos, hábitos e hobbies.
"Gosto dos jogos de tabuleiro, videogames, viajar. Também estou procurando um apartamento LGBTfriendly. Não sou de trazer amigas para casa, não fumo...", enumerou o jornalista pelo WhatsApp.
Neste momento, a conversa ganhou outro tom. O proprietário disse: "Se você é gay, tem que me contar. Vivo nesta casa e quero escolher com quem vivo."
Em mensagem de voz, bastante irritado, o homem continuou: "Gosto do seu perfil e tenho amigos gays, mas prefiro não conviver com um homossexual, não me deixa à vontade".
Albert responde: "É muito forte que o único motivo que me rejeite é por ser homossexual."
O homem reitera sua escolha: "Eu não te ataquei em nenhum momento. Achei que na sua comunidade você tinha a mente um pouco mais aberta. Eu escolho com quem eu moro na minha casa. Assim como prefiro uma pessoa ou outra para o turno de trabalho, escolho não conviver com gays."
Ele encerra em tom de deboche: "Mas Albert, não desanime, em Madri há muitos apartamentos gays, onde também não deixam entrar héteros."
Ao jornal El Diario, o repórter falou sobre o caso: "Senti que esse homem gostava de rejeitar. Como se ele quisesse dividir a sociedade, me mandar para um gueto com minha família. Ainda há muitos preconceitos que pensamos terem sido ultrapassados ??e ainda há um longo caminho a percorrer."
Mateo usou lei que proíbe a discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, vigente na cidade, para denunciar o homem. No entanto, não está claro se a Justiça aceitará a denúncia pois pode considerar que não se trata de um serviço (o aluguel de um apartamento) a que se tem direito. Caso condenado, o homem pode ter de pagar multa de 10 mil euros a 40 mil euros (cerca de R$ 56 mil a R$ 225 mil).