ELEIÇÕES 2022
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Lésbica e candidata ao Senado, Sara Azevedo quer taxar milionários

Professora é candidata do Psol e defende inclusão de LGBT na Constituição

Publicado em 23/09/2022
Sara Azevedo: candidata lésbica ao Senado de Minas Gerais
'Hoje temos um sistema tributário injusto, que é baseado no imposto sobre o consumo', acredita

Paraense de nascimento, a professora de educação física Sara Azevedo está há 12 anos em Belo Horizonte e é apaixonada pela cidade. 

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Aos 37 anos, lésbica e casada, Sara já foi candidada duas vezes a vereadora, uma a deputada federal e outra a vice-governadora. Nestas eleições, ela é a única candidata da comunidade LGBT ao Senado Federal em Minas Gerais.

Seu histórico de luta e liderança vem desde a Universidade do Estado do Pará. Sua vontade de mudar a realidade de LGBT e de todos os cidadãos a fez persistir.

Se eleita, Sara, que é do Psol, promete lutar para transformar em leis direitos LGBT que hoje são garantidos por decisões judiciais. Programas de acolhimento a LGBT expulsos de casa e a taxação de grandes fortunas também estão dentre suas bandeiras.

Ao Guia Gay BH, a candidada falou mais sobre suas propostas:

O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que o País avance nesse campo?
Na verdade, estamos bastante atrasadas nessa questão. A comunidade LGBT+ não conta com respaldo legal no Brasil. O que temos são resoluções do Judiciário e do Executivo que orientam sobre as nossas pautas, mas que, no entanto, não têm força de lei.

Os direitos ao casamento, à adoção de crianças e retificação de documentos, por exemplo, são resoluções. Não são legalmente firmadas na Constituição. Dependemos da interpretação de juízes para que tenhamos tais direitos respeitados.

Além disso, a LGBTfobia ainda não tem lei que a criminalize. Ainda não há lei a esse respeito. O que temos é uma decisão do Supremo Tribunal Federal que equipara os crimes motivados por LGBTfobia ao racismo, o que é uma distorção.

É necessário ter uma lei própria sobre o tema, que leve em consideração a expressão da LGBTfobia, suas origens e seus autores. É necessário firmarmos essas bases legais.

Uma das primeiras questões é adicionar "orientação sexual e identidade de gênero” no no inciso IV do artigo 3º da Constituição, que diz sobre as responsabilidades da República para a promoção do bem de todos sem preconceitos de nenhuma espécie. Esse é um compromisso que deve ser estipulado na Constituição, deve ser um dever do Estado promover a cidadania às pessoas LGBT+.

Além disso, é necessário fazer a formação continuada de profissionais da educação, da saúde e da segurança pública para melhor atender às demandas dessa população.

É preciso ainda criar programas de acolhimento a pessoas vítimas de violência e de jovens que são expulsas de casa ao se entenderem LGBT+. É importante que tenhamos programas sociais que garantam a permanência das pessoas LGBT+ nas escolas, universidades e mercado de trabalho.

Fora a questão LGBT, quais seus projetos para a população brasileira em geral?
A minha principal agenda é a taxação de grandes fortunas. Entendo que essa é uma pauta importante para o aumento da arrecadação do Estado e que chama os mais ricos a colaborarem mais com o país.

Nos últimos anos somente a população cedeu pelo "bem da economia". Tivemos diversos retrocessos como as reformas da previdência e trabalhista, mas não tivemos o mesmo chamado à responsabilidade para os empresários e especuladores do mercado financeiro.

Hoje temos um sistema tributário injusto, que é baseado no imposto sobre o consumo. O que faz com que a taxação pese mais sobre as pessoas pobres e de classe média do que das classes mais abastadas.

Isso sem contar as distorções na arrecadação de imposto de renda, que onera mais a classe média. Para comprar um iate no Brasil não se paga imposto, mas para a compra de um carro popular a tributação é pesadíssima. Isso não pode continuar dessa maneira. A balança está desequilibrada.

Além disso, defendo a auditoria da dívida pública. É necessário que saibamos o que a União e os Estados estão pagando de fato. As dívidas públicas atualmente são formadas majoritariamente por juros abusivos. Temos que renegociar tais valores para que consigamos redirecionar os recursos para a implementação de políticas públicas em vez de serem usados para pagamento de juros. Em um país com 33 milhões de pessoas passando fome é urgente o destravamento do Estado.

Temos que retomar os investimentos em educação, infraestrutura, saúde e desenvolvimento tecnológico. Do golpe de 2016 para cá, nos tornamos um paraíso para os rentistas e um pesadelo para a população em geral. Temos que mudar esse cenário.

Em que seu mandato vai se diferenciar em relação ao que se tem na política atualmente?
A minha candidatura é a única, com viabilidade eleitoral, que representa os interesses da população. A disputa pelo Senado em Minas está dominada por bolsonaristas. É necessário derrotar Bolsonaro, mas também o bolsonarismo.

Não podemos cair no golpe de votar em um bolsonarista que neste ano vestiu a camisa vermelha para impedir que outros dois bolsonaristas assumam a vaga do Estado no Senado.

Sou uma candidata comprometida com a defesa da população. Não repito a cantilena neoliberal, tampouco cometo demagogia. No Senado, serei uma voz que luta pela reconstrução do país, pela retomada do crescimento e do desenvolvimento social.

Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay BH com candidaturas de pessoas LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.


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