Por Welton Trindade
Eis que na sua jornada pandêmica apareceu uma psicóloga baiana negra e lésbica que teve a grande proeza de expor (e logo deslegitimar) toda a cartilha da militância-lacrativa-e-dona-da-verdade.
O que era só vivido em meio aos assovios canceladores da tuitosfera e nos cursos de humanas das federais ganhou cor, som e dedo na cara na sala de milhões. Sorte que a transmissão não é 3D!
O que era aquilo? Vestir-se de mulher era forma de dar base para assassinatos, a cor branca (de roupa) passava a ter dona, bissexualidade tinha hora certa para ser revelada, a cor branca (de pele) era motivo para catalogar de forma negativa uma pessoa em tudo.
Tudo... Palavra importante para quem é ativista feito Lumena: tudo para ela, por ela e se ela deixar! Até a língua portuguesa!
Você odiou, o Brasil idem. Empáfia gliterizada com ativismo é empáfia ainda sim!
Mas além de lidar com a afirmação, ressignifiquemos o questionamento: E se você for uma Lumena?
Advoga que apenas uma pessoa de determinado segmento pode interpretar personagem correspondente? Arte para você tem de ter manual? Index? Censores adoram!
Carrega sem pudor a ideia de que gozo de outra pessoa é terreno para seu parecer? A cama de cada indivíduo deve ser uma ONU de tanta pluralidade se não você não aprova? Se não transa com um ou outra, você saca um xxxismo ou um xxxfóbica, vira o olho e faz textão sobre com quem se deve ter prazer? Sério mesmo?
Quer liberdade de corpos, tem até camisetinha de feira alternativa com frase correlata, mas qualifica uma pessoa com base no físico dela? É, qualquer físico!
Acha que por sofrer algum tipo de opressão social pode tacar o dedo na cara da geral e despejar incontestes achismos seus como verdades absolutas? E pior, que está imune a não oprimir?
O sol se levanta e tudo tem a ver com preconceito. São certezas imexíveis suas?
Gasta a sandália para lutar por um futuro plural, mas ao mesmo tempo afirma que ele tem uma cor, um gênero e algum outro fenótipo? Fenotipicamente, o certo é que a hipocrisa nasce aí.
Ama a democracia desde que nela só ecoe a sua voz? Debate... Só se seu monólogo imperar! Lugar de cala, você distribui!
Ganha estrelinha no TCC por falar que toda dor humana deva ser motivo para luta, mas não consegue ficar sem se coçar para fazer olimpíada de opressão, esporte de quem desumaniza vidas. Medalhas de papel vagabundo!
Quer a história, mas arranca com os dentes as páginas que não combinam com seu ideário desta temporada. E bota a reescrevê-las como melhor convém ao seus. Nesse afã, quer justiça (necessária), mas comete o inverso.
Tela da tevê para olhar Lumena ou espelho onde você se viu?