Por Welton Trindade
Em primeiro lugar, Gloria Perez, obrigado por, mais uma vez, ousar de forma tão comprometida e delicada no mostrar parte de nós LGBT na maior vitrine midiática do Brasil. Pensar que empresárias, borracheiros, taxistas, manicures, engenheiras, desempregados, aposentados em quase todos os cantos do Brasil tiveram, noite a noite, uma lição da dor sofrida e da felicidade querida por nós LGBT, graças a você... Isso já nos faz um pouco mais fortes!
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Temos tantos governos, de direita, esquerda, poucos altos e muito baixos... Nenhum deles, sequer somados, fizeram algo tão educativo e com tamanho alcance quanto os mais de seis meses em grande parte da população brasileira acompanharam os dramas de Ivan (Carol Duarte) e Elis Miranda (Silvero Pereira).
Os sorrisos largos e radiantes das personagens ao final da novela também são nossos, de milhões de LGBT ao vermos que podemos contar com você e com a Rede Globo - a quem também devemos agradecer profundamente.
A nossa vivência é expressão forte de ousadia. Ousamos a cada dia em que nos levantamos, olhamos para nós mesmos e decidimos: meu corpo, meu amor, meu desejo, e não arrefeceremos. Você tratar de um homem transexual homossexual. O nó no nó na cabeça de muitos, até de LGBT, creia!
Você não se vestiu apenas de diversidade, mas de carinho, atenção. Falar da entidade Mães pela Diversidade, que reúne famílias de LGBT, cercar-se de transexuais para aprender e transmitir o que eles e elas têm a dizer... Impossível lhe mostrar o gigantismo da nossa gratidão!
E que estrategista, você! Ao mostrar os medos, os conflitos, as vidas podadas das personagens, você operou milagre: é nítido como você conseguiu cobrir de arco-íris corações de pedra de muitos que não viam, em nós LGBT, seres humanos. É vencer pelo e para o amor!
Há seis meses, milhões de brasileiros nos viam como indignos. Entretanto, graças a você, à Rede Globo e a todos de A Força do Querer, punhos cerrados viraram mãos abertas. Não, não, nem todos os abraços foram dados. Nossa novela não tem fim... É uma soap opera que guarda retrocessos e abriga ataques, mas nos renovamos. E poder contar com você... Que presente!
Ah, sim, desculpe por críticas de alguns de nós que cobrávamos que apenas uma pessoa trans pudesse interpretar pessoas trans. Não somos infalíveis (mais uma prova de nossa humanidade). Foi confusão entre oportunidade de emprego para trans e representação trans na arte. Sua resposta: dois artistas transexuais na novela. Uma inclusive que, enfim, foi tida como cisgênero. Viva a arte! E ainda mais a arte pela vida!
Força, querer, e viver! Com pessoas como você, Gloria Perez, conseguiremos... Final feliz? Que nada! Felicidade sem fim!