Por Welton Trindade
É um dos primeiros ensinamentos dos cursos de jornalismo: "papel aceita tudo". Sim, o profissional da informação pode escrever o que for ali que não haverá objeção da plataforma como tal. Ela aceita. Ponto.
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O debate aí para os tão fundamentais futuros profissionais de jornalismo é: seja responsável no que diz, mergulhe na busca nunca saciável pela verdade. A responsabilidade é sua como agente da comunicação. Tolices podem ser ditas. O papel nada fará contra elas.
Essa possibilidade infinita de ser irresponsável e leviano, eu a transplanto para os gritos e os posts do Facebook como veículos de brados e hashtags de incorfomismo, revolta, chamado à ação, mudança de postura para o novo e bom.
E aí, outra frase feita: "Falar é fácil".
Ver tantos e tantas LGBT a reverberar "Marielle presente" dá esperança de grande - e necessária - mobilização por um país cada vez mais aberto à diversidade de orientação sexual e identidade de gênero.
Mas a realidade se impõe e o exemplo nos bate na cara: a negra, lésbica, mulher Marielle Franco, ficamos sabendo agora que ela saiu da invisibilidade, não quis mudar a sociedade por hashtags. Mas por ações, trabalho... Luta!
Daí que a esperança dá lugar a algo próximo da angústia: saberemos nós LGBT realmente honrarmos nossa fala de que Marielle, seus ideais, seu sonho estão presentes, não vão se apagar?
LGBT apenas honraremos essas falas se, e somente se, nas eleições próximas para presidente, deputados locais e federais, senadores e governadores nós irmos para além das palavras fáceis. Que ajamos.
Não anularmos o voto, não apertarmos a tecla "branco", não deixarmos de ir às urnas, e, antes desse momento, escolhermos candidaturas que representem e tenham compromisso com a continuidade do Brasil como um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT.
Sabe a vivacidade incrível de Marielle? Sabe o brilho no olhar dessa guerreira que tardiamente passamos a contemplar? Eles não merecem que nossa força eleitoral, sim porque nós LGBT somos uma força eleitoral, não estejamos nas urnas. O preço de fazer o contrário será muito alto para nossa cidadania e liberdade.
Que o exemplo de Marielle nos faça sermos mais conscientes. E presentes!