O roteirista e diretor Aaron Sorkin falou sobre um tipo de polêmica que tem ocorrido nas artes: a suposta obrigação de escalar atores com a mesma origem ou sexualidade de seus personagens. Para ele, tal prática limita a arte e é vazia.
"É comovente e um pouco assustador ver membros da comunidade artística segregando-se novamente", avaliou Sorkin ao jornal Sunday Times.
Seu novo filme, Apresentando os Ricardos, que acaba de estrear na Amazon Prime Video, recebeu críticas por ele ter escalado um ator espanhol, Javier Bardem, para viver um cubano, o ator Desi Arnaz.
O longa fala dos bastidores e vida conjugal do casal Lucille Ball (Nicole Kidman) e Desi durante as gravações da antológica série I Love Lucy, que foi ao ar na década de 1950 nos Estados Unidos e é considerada uma das melhores sitcoms de todos os tempos.
"Este devia ser o último lugar onde existem paredes", continuou. "Espanhol e cubano não são atuáveis. Se eu estivesse te dirigindo em uma cena e dissesse: 'Está frio, você não consegue sentir o seu rosto'. Isso é atuável. Mas se eu dissesse: 'Seja cubano”. Isso não é atuável."
"Os substantivos não são atuáveis. Gay e hétero não são atuáveis. Você pode agir como se estivesse atraído por alguém, mas não pode agir como gay ou hétero. Então, que noção é essa de que apenas atores gays deveriam interpretar personagens gays? Que apenas um ator cubano deveria interpretar Desi? Honestamente, acho que é a mãe de todos os gestos vazios e uma má ideia", finalizou o diretor.
