Arte drag queen e velhice são temas do filme 'No Ritmo da Vida'

Longa, que chegou aos cinemas, fala de jovem gay desiludido que volta a conviver com a avó

Publicado em 03/03/2022
Thomas Duplessie e Cloris Leachman em No Ritmo da Vida
Thomas Duplessie e Cloris Leachman vivem neto e avó no filme canadense

Por Marcio Claesen

O que afinal faz um homem se montar de drag? Essa é uma das principais questões pelas quais perpassa O Ritmo da Vida, filme que estreou nos cinemas nesta semana.

Curta o Guia Gay no Instagram

Escrita e dirigida pelo canadense Phil Connell, em sua estreia em longas, a produção foca em Russell (o novato Thomas Duplessie), que é formado ator e há dois anos se apresenta como drag queen em boates gays.

Ele tem (ou tinha) um relacionamento estável com Justin (Andrew Bushell), que no começo da história o impõe uma escolha: ou ele volta a fazer audições para papéis "sérios" ou o casamento ficaria insustentável.

Russell decide, então, partir para uma nova vida longe de Justin e, no caminho, em uma pequena cidade do interior, passa para ver a avó.

Margaret (Cloris Leachman) vive sozinha numa casa grande e confortável e apresenta sinais de demência.

A relação entre um jovem e uma idosa já foi explorada diversas vezes no cinema (Ensina-me a Viver, 1971, é um dos exemplos) e se torna a parte mais saborosa do longa.

Apesar de confusa, às vezes, Margaret é perspicaz e dona de um humor fino. Focasse mais na relação dos dois, No Ritmo da Vida só teria a ganhar.

Mas o longa, afinal, se propõe a falar das frustrações de um ator que se descobriu como drag e que está em busca de uma nova história, um recomeço.

No único bar local frequentado por LGBT, Russell provoca a audiência com sua personagem - Fishy Falters - e começa a se envolver com o garçom.

A trilha - com Robyn, Scissor Sisters e London Grammar, dentre outros - é ótima e nas performances dá para entender o porquê de Duplessie ter conquistado o papel. 

Ele foi um dos primeiros que o diretor testou e mesmo inúmeras audições depois, Connell não encontrou ninguém que tivesse mais o perfil da personagem do que o jovem.

Ao se tratar de talentos, é impossível não citar Leachman. Vencedora do Oscar por A Última Sessão de Cinema (1971), a atriz ficou com o papel que seria de Shirley MacLaine e depois recusado por diversas estrelas (ou ex-estrelas) de Hollywood que não se achavam tão velhas para viver a anciã.

Em um de seus últimos papéis nas telas (ela morreu aos 94 anos em janeiro de 2021), Leachman dá estofo a cenas e situações difíceis a que a velhice apresenta a tantos. 

Por fim, entre recomeços e partidas, No Ritmo da Vida faz refletir sobre preconceitos, arte, relações familiares e o fim. 

 

 

Mais informações, tais como horários e salas, você tem em nossa Agenda.


Parceiros:Lisbon Gay Circuit Porto Gay Circuit
© Todos direitos reservados à Guiya Editora. Vedada a reprodução e/ou publicação parcial ou integral do conteúdo de qualquer área do site sem autorização.