Em cartaz com o espetáculo 2 de Paus, o ator Rich Leão falou sobre a importância que a peça, cuja primeira montagem é de 2008, tem em sua trajetória e comemorou estar de volta aos palcos da capital mineira.
"O espetáculo foi um grande divisor de águas em minha vida. No auge da minha adolescência, por volta dos 15 anos, com várias questões sobre minha sexualidade, assisti a 2 de Paus pela primeira vez. Até então, não havia nenhuma obra expressiva LGBT+ em Belo Horizonte, e tudo o que se apresentava sobre o universo terminava em tragédia, abandono, doenças ou morte. Ali não! Ali eu enxerguei pela primeira vez a naturalidade de uma relação LGBT+, tal como qualquer outra existente", relatou Rich ao Guia Gay BH.
"Muitos anos se passaram; a peça sofreu um hiato de 10 anos em Minas Gerais e retornou para uma edição comemorativa no início de 2023", lembrou-se o artista.
Foi então que de espectador, Rich passou a integrar o elenco de uma obra que tinha um lugar especial no seu coração.
"A produção me chamou para fazer parte do elenco e assumi o papel de Júlio, um cara descolado, independente, arquiteto e com ânsia pela vida. Por ser um espetáculo entre dois atores em que estamos durante uma hora e vinte minutos no palco, sem sair um minuto, foi um desafio. A proposta da direção era uma vertente mais contemporânea, onde até mesmo as trocas de roupa ocorrem em cena. Na hora foi uma loucura; em cena, foi uma delícia!"
2 de Paus conta a história de Júlio e Alex (Diego Krisp), dois jovens bastante diferentes entre si e à medida que suas trajetórias se entrelaçam são obrigados a confrontar seus medos, desejos e sua realidade.
Rich pontua que o retorno do público sempre foi fantástico.
"Lembro-me de ser parado várias vezes na rua durante o carnaval, pois as pessoas que haviam nos assistido nas duas semanas anteriores queriam compartilhar suas histórias de superação ou até mesmo de separação após o espetáculo. O público se identifica e vive a história de Alex e Júlio com o mesmo amor que nós sentimos por eles", afirma.
Em julho de 2024, a Ibeji Produções adquiriu os direitos da montagem e passou a contar com o apoio do No Alto Bar. "Foi muito emocionante ver que um casa noturna, uma boate, se importa com a cultura e principalmente com a produção LGBT+."
Escrita por Arthur Tadeu Curado e dirigida por Gustavo Marquezini, a peça tem apresentações neste sábado 12 e domingo 13 no Teatro de Bolso Sesiminas, no bairro Santa Efigênia.
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