Um dos mais mal-escritos casais gays da teledramaturgia brasileira fechou sua participação, quem diria, em grande estilo.
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Samuel (Eriberto Leão) e Cido (Rafael Zulu) selaram a paz e iniciaram uma nova fase de seu casamento em O Outro Lado do Paraíso com um beijo.
A cena, na terça-feira 8, recebeu inúmeros elogios nas redes sociais e se tornou um dos assuntos mais comentados no Twitter.
Sejamos justos: com dose certa de paixão dos personagens e entrega dos atores, a sequência foi realmente bonita, apesar do beijo ainda tímido - se comparado aos que casais héteros dão nas novelas.
Logo depois, Adneia (Ana Lucia Torre), mãe do médico, apareceu sozinha arrumando a casa e falando consigo mesma. A mulher, que tanto defendeu a "cura gay" durante meses, reconhece que a cura não existe já que ambos estão longe de estarem doentes e apenas se amam.
Não se sabe se esta foi a última cena do núcleo mais cômico do folhetim de Walcyr Carrasco, que termina na próxima sexta-feira 11, mas ainda que eles apareçam, este foi, claramente, o desfecho de suas histórias.
Durante longos meses, o núcleo, que incluía ainda Suzy (Ellen Roche) e Irene (Luciana Fernandes) proporcionou um misto de raiva e vergonha alheia.
Primeiro alvo da mocinha Clara (Bianca Bin) na sua lista de pessoas que lhe fizeram mal e que desejava se vingar, Samuel teve seu segredo revelado e foi confrontado pela mãe e pela então esposa Suzy.
Após o choque, Adneia o aceita e parece que tudo iria ficar bem. Mas aí, como manter um conflito para o personagem? Walcyr, então, criou uma "recaída" do médico pela sua ex, ela engravida, e durante muito tempo o que se viu foram cenas constrangedoras que confundiam homossexualidade com bissexualidade e quase esfregava na cara do público que uma mulher loira e boazuda "cura" qualquer gay.
Mas em uma novela que errou feio ao tratar temas como racismo, violência contra mulher e nanismo, por que seria diferente com LGBT? Dado o sucesso da trama - maior audiência do horário desde o fenômeno Avenida Brasil (2012) - boa parte dos telespectadores comprou as ideias despreparadas, confusas e rasas do autor.
Do mesmo Walcyr que explorou tão bem a homossexualidade e ousou ao criar um vilão gay que se redimia e que colocou todo o público a torcer por um final feliz de Niko e Félix em Amor à Vida (2013), coroados com o beijo histórico no último capítulo, esperava-se, claro, mais, muito mais nos últimos meses. Mas este beijo de Cido e Samuel, ao menos foi um sopro de sensibilidade em uma trama tão desumana.