Um dos maiores ícones LGBT do Brasil, Elke Maravilha tem sua trajetória contada na biografia Mulher Maravilha.
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Em formato de audiobook, a obra é dividida em 11 episódios e de autoria do jornalista e escritor Chico Felitti. Ela está disponível na plataforma Storytel.
O projeto nasceu há 15 anos. Felitti procurou Elke para fazer entrevistas com ela para seu TCC, que nunca saiu.
A amizade entre ambos, no entanto, vingou e o jornalista colheu informações valiosas e curiosas sobre a diva.
Dois anos atrás, quando o Storytel chegou ao Brasil, Felitti foi convidado para fazer a primeira obra original da plataforma.
A partir daí, o autor passou a fazer checagem de inúmeras histórias que ouviu de Elke.
"Ela era muito boa contadora de causos. Sempre falava sobre o que queria. Quando parei para ouvir, vi que algumas histórias eram boas demais, que pareciam improváveis. Comecei a buscar provas e entrevistar pessoas", contou o jornalista ao Correio Braziliense.
Felitti, então, descobriu que Elke não nasceu em São Petersburgo, na Rússia, mas sim no sul da Alemanha.
"A mesma coisa aconteceu com a entrada dela na televisão. Ela sempre falou que atendeu o telefone um dia e era o produtor do Chacrinha. Consegui vários depoimentos de muita gente que falou que ela foi atrás desse emprego. Ela também atribuiu o período em que ficou sem documentação no Brasil à prisão na ditadura. Que ela tinha tido todos os documentos cassados. Porém, ela nunca havia pedido a renovação da cidadania brasileira, ela já estava sem pátria", completa.
À reportagem, o autor da biografia falou do ressentimento de Elke com a comunidade LGBT.
"Ela foi uma grande criadora de entradas e portas para a comunidade LGBT, que ela sempre advogou a favor. E essa foi uma das grandes tristezas dela no fim da vida, porque uma parte da militância a abandonou, começou a achar o discurso dela ofensivo e machista. Ela teve um período de grande tristeza, em que se sentiu desprivilegiada."
Modelo, atriz e apresentadora, Elke fez sucesso em filmes como Xica da Silva (1977), minisséries como Memórias de um Gigolô (1986) e como jurada do Cassino do Chacrinha (1982-1988). Ela chegou a ter seu próprio programa de entrevistas, o Programa Elke Maravilha, na década de 1990, pelo SBT.
Elke morreu, por falência múltipla de órgãos, aos 71 anos, em 2016.