Uma das pioneiras dentre as artistas mulheres no carnaval baiano, Daniela Mercury falou de folia, desafios, preconceitos e política. Crítica do governo de Michel Temer (PMDB), a cantora revelou que foi chamada para assumir o Ministério da Cultura.
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"Fui convidada pra ser ministra da Cultura, você sabe? Disse não. Sou contra o impeachment. Michel Temer tinha ocupado o espaço que não era dele", contou Daniela à Carta Capital, que disse ter ficado lisonjeada com o convite, mas que a situação era "inaceitável para quem acredita nos caminhos da democracia".
A cantora revelou que adoeceu três vezes durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff por causa da angústia. "Era um sofrimento que parecia me cortar a carne", disse.
Na entrevista, a diva baiana também fala da discriminação que sofreu por ser mulher tanto como compositora ("Nas gravadoras, era muito desrespeitada o tempo inteiro. Muito, muito") e quanto como puxadora de trio elétrico ("Ouvi que voz de mulher não é pra puxar trio elétrico, vai cansar quem tiver lá embaixo, pois é irritante e aguda. Nenhuma mulher puxava blocos que vendiam mortalha").
A esposa da cantora, Malu Verçosa Mercury, relata que a artista "entra em transe" quando sobe no trio e que precisa ser lembrada de beber água, como no pré-carnaval em São Paulo, em 2016. Daniela diz que vai tentar sensibilizar o prefeito eleito da capital paulista, João Doria (PSDB), para voltar para as avenidas da cidade.
"Quero a rua para andar e cantar. Pra mim, gente na rua é canteiro de flor. É como arar a rua de novo, trazer terra, natureza, humanidade, amor. Acho que ele quer o mesmo para a cidade", disse.