Morreu na terça-feira 26 um dos ícones da noite LGBT mineira, José Alberto InConcert.
O ator transformista estava com 71 anos e teve falência múltipla de órgãos.
José Alberto passava por quadro de depressão após perder a mãe e um grande amigo, que era seu braço direito.
Diabético e hipertenso, ele contraiu uma bactéria após um ferimento na perna.
José Alberto Luciano (seu nome de batismo) tinha 54 anos de carreira.
Ao Guia Gay, Coquita Para Raio, ator transformista e também lendário dos palcos LGBT, contou que José Alberto assinava Ludmila Beltrão por muitos anos.
No Rio de Janeiro, ele trabalhou como cabeleireiro e maquiador na TV Globo junto a um dos mestres da maquiagem Eric Rzepecki.
"Depois, ele retornou a Belo Horizonte e fez shows nas boates mais importantes que tinha na cidade: na Xica da Silva, que foi uma das precursoras boates gays de BH, na Fashion, Plumas e Paetês, Le Club, Eros e a boate Sucata, na década de 1980", lembrou Coquita.
Coquita aponta que uma das qualidades de José Alberto era ser visionário. "Os shows dele davam polêmica, repercussão, porque ele sempre tinha uma novidade, uma criação nova."
Ele se recorda de uma performance, no Miss Brasil Gay, em Juiz de Fora (MG), no começo dos anos 1990, em que José Alberto homenageou Freddie Mercury.
"Ele entrou com anjos, com asas de fibra, de Montserrat Caballé, toda de negro. E os anjos carregaram Freddie Mercury envolto numa renda, no ar, e fizeram How Can I Go On. Na hora que tiram a capa preta dele, teve uma revoada de mais de 12 pombos brancos dentro do estádio [Sport Club Juiz de Fora]."
Uma das casas em que o artista mais se apresentou foi a Thermas Olimpo. "Ele trabalhou lá por 18 anos. Sempre com shows comgrande repercussão."
José Alberto também era artista plástico e possuía uma banca na Feira Hippie, aos domingos, perto do Palácio das Artes.
José Alberto e Coquita são dois dos cerca de 20 personagens que serão retratatos em um documentário que resgatará a cena LGBT da capital mineira desde a década de 1970.
A produção da empresa FrediZak, ainda sem título, é inspirada nos documentários São Paulo em Hi-Fi (2013), de Lufe Steffen, que conta os primórdios da cena LGBT paulistana; e Divinas Divas (2016), de Leandra Leal, que aborda a trajetória de oito artistas travestis pioneiras na cena carioca.
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