Apoiador ou inimigo de LGBT? Morre Silvio Santos, aos 93 anos

Ao mesmo tempo que deu visibilidade a drag queens e trans, era visto como desrespeitoso

Publicado em 17/08/2024
Silvio Santos e relação com gays e travestis
Em 2022, virou marco Silvio Santos tirar dúvidas sobre transexualidade com Ava Simões

Morreu, neste sábado 17, aos 93 anos, em São Paulo, o apresentador e empresário Silvio Santos.

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Ele estava internado desde o dia 1º no Hospital Albert Einstein e faleceu por causa de uma broncopneumonia após infecção por H1N1.

Na comunidade LGBT, Silvio divide opiniões: há quem o ame e também existem os que o detestam.

Dentre seus apoiadores, é sempre lembrado o espaço que ele abriu para artistas transformistas e transexuais.

Nas décadas de 1980 e 1990, o Show de Calouros, um dos programais mais tradicionais que ele comandou no SBT, contava com disputa de performances desses artistas.

Em geral, Silvio louvava a boa forma dos homens gays e travestis que se apresentavam dublando e dançando em frente ao júri e ao público.

Em outras atrações que comandou, Silvo recebeu inúmeras vezes celebridades assumidamente gays e trans.

Em 2022, algo histórico aconteceu. Ele recebeu no palco diversas drag queens e trans: Paulette Pink, Penelopy Jean, Dimmy Kieer, Deendjer Ti, Deendjer Vi e Ava Simões.

Na ocasião, ele tirou dúvidas sobre transexualidade com Ava. 

Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/tela-plana/aos-91-silvio-santos-surpreende-em-aula-sobre-transexualidade

Em comentário no X sobre esse fato, a travesti Linn da Quebrada não esqueceu o histórico do apresentador. 

"Mas é também o mesmo Silvio que constrange e debocha de Roberta Close. Ele como tantos outros meios de comunicação que devem desculpas pelo desserviço e pela contribuição assídua em desumanizar e atuar com tanto gosto na manutenção da violência e da dor."

A fala é comum dentre seus críticos, que não deixam ser esquecida a maneira debochada e desrespeitosa com a qual ele conversava com integrantes da comunidade LGBT.

Em muitas ocasiões, Silvio perguntava, por exemplo, se a artista trans era "homem". Ainda que nos anos 1980 este tipo de questionamento fosse comum, o apresentador também o fez muitas vezes já em tempos mais recentes.

Em entrevista ao site Notícias da TV em 2014, o ajudante de palco Gonçalo Roque revelou que travestis eram proibidas de participar da plateia de Silvio até 2013, quando o chefe do SBT passou a admitir duas trans por programa. "Travesti é gente como a gente", argumentou. 

Roque deu detalhes da decisão. 

"Os bairros têm bastante travecos e aí elas falam com a caravanista do bairro, pedem para vir ao programa. Toda semana são só dois. Porque se começar a colocar demais, as travestis entram e as mulheres ficam de fora."

Muitos que defendem Silvio, apontam que ele era um idoso e de "outra época". 

 

Nascido Senor Abravanel em 12 de dezembro de 1930 no carioquíssimo bairro da Lapa, Silvio era filho de imigrantes judeus chegados ao País seis anos antes.

Ele exerceu diversas funções, tais como camelô, e formou-se técnico em contablidade até chegar à comunicação. Foi locutor e conquistou seu próprio programa em 1961 na TV Paulista. 

Após a emissora ser comprada pela TV Globo, alugou espaço no canal nas décadas de 1960 e 1970. Tornou-se sócio da TV Record na década de 1970 e transformou o canal 11 do Rio de Janeiro na TVS, para onde levou o Programa Silvio Santos. 

Após falência da TV Tupi, conseguiu concessão para levar a TVS a São Paulo e assumiu o canal 4, em 1981. Também conseguiu chegar a outras capitais, tais como Belém e Porto Alegre, e, assim, criou o Sistema Brasileiro de Comunicação naquele ano.

Bilionário e dono de dezenas de empresas, como a Jequiti, Silvio se casou duas vezes e teve seis filhas. Teve seu nome ventilado duas vezes para a Prefeitura de São Paulo e outras duas para a Presidência da República, mas conflitos com os partidos e o não seguimento às regras eleitorais tiraram seu nome das disputas.


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