Idolatrada por gays e travestis, Vanusa morre aos 73 anos

Cantora fez versão de hino gay norte-americano e compôs canção que foi adotada pela comunidade

Publicado em 08/11/2020
Eterna diva gay, Vanusa morre aos 73 anos
'Mais de 50% dos meus fãs são gays. Eles me amam e eu amo eles'

Morreu na manhã deste domingo 8, em Santos (SP), aos 73 anos, a cantora Vanusa.

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A artista estava morando há dois anos em uma casa de repouso e sua morte teria sido decorrente de insuficiência respiratória, segundo o G1.

Em setembro e outubro, ela esteve internada no Complexo Hospitalar dos Estivadores, na mesma cidade, com quadro grave de pneumonia.

Funcionários da casa de repouso contaram à reportagem que no sábado 7, a cantora recebeu visita da filha mais velha, Amanda. Ela cantou, brincou, riu e se alimentou bem.

Além de Amanda, Vanusa era mãe de Aretha, ambas filhas de seu casamento com o cantor Antônio Marcos (1945-1992) e de Rafael Vannucci, de sua união com o diretor da TV Globo, Augusto César Vannucci (1934-1992).

Nascida em Cruzeiro (SP), a cantora foi criada em Uberaba (MG) e começou a carreira em 1966, transformando-se em um dos principais nomes da Jovem Guarda, movimento musical capitaneado por Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Nos anos 1970, Vanusa viveu seu auge nas paradas de sucesso, lançando seus maiores hits, tais como Paralelas e Manhãs de Setembro.

Em 2009, em evento na Assembleia Legislativa de São Paulo, a artista desafinou e errou a letra do Hino Nacional. O video viralizou e é falado até hoje.

Vanusa teve público feminino consistente em sua carreira, mas pode-se dizer que foi o que podemos chamar de uma "diva gay".

Segundo a própria cantora, em entrevista ao jornalista Rodrigo Faour, mais de 50% de seu público era de gays.

"Meu fã. Mais de 50%, eles são gays. Eles me amam e eu amo eles. Não tem conversa", disse.

Na entrevisa (a partir do minuto 9:52), a cantora também fala sobre ter sido a primeira no Brasil a gravar uma versão de I Will Survive, hino gay de 1979 de Gloria Gaynor.

A versão chamada Eu Sobrevivo, de 1981, ganhou remix no começo da década passada pelas mãos do DJ Moraes.

"Foi obra do destino, comecei a adicionar DJs aleatoriamente no Orkut. Depois fiz convite para fazerem o remix e expliquei a ideia. O DJ Moraes foi um deles e topou na hora", contou Vanusa ao site A Capa.

Em 2010, ela foi condecorada rainha do primeiro Gala Gay de São Paulo e madrinha da parada LGBT de Santo André (SP).

Quem frequentou boates gays nos anos 1980 e 1990 (e mesmo até hoje) já viu dublagens de drag queens e artistas trans de suas músicas, em especial, de Mudanças.

À mesma publicação, Vanusa falou sobre por que acredita que a canção tenha virado um hit na comunidade LGBT.

"Acho que isso aconteceu porque a música passa uma mensagem de incentivo e de força. Uma mensagem positiva de que é necessário mudar. Esta mensagem de mudança foi recebida pelos homossexuais em outro contexto: a de mudança de atitude diante de sua própria sexualidade", disse.

"No meu Orkut recebo muitos depoimentos de pessoas dizendo que resolveram assumir sua homossexualidade depois de ouvirem Mudanças, o que me orgulha muito."

A parte declamada da canção, como ela mesma lembra, era algo bastante incomum na música brasileira. Este trecho costuma ser ovacionado e aplaudido em cena aberta quando artistas a dublam nas boates.


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