Morreu na manhã da quarta-fera 23 o poeta e compositor Antonio Cícero.
Sofrendo do mal de Alzheimer e com 79 anos, Cícero escolheu passar por eutanásia na Suíça, onde a morte assistida é legalizada.
Em carta, aos amigos, ele escreveu: "O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer. Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem."
Cícero revelou que pelo seu estado sentia vergonha de encontrar os mais próximos.
"Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi. Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia. Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo", desabafou.
"Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo. Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade. Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços."
Carioca e filho de pais piauienses, Antonio Cícero era irmão da cantora Marina Lima e homossexual assumido.
Alguns dos sucessos da artista foram escritos em parceria com Cícero, tais como Fullgás (1984) e Pra Começar (1986). Outro grande hit dela, À Francesa (1989) é de autoria dele com Cláudio Zoli.
Formado filósofo, o escritor também compôs junto a Adriana Calcanhotto, Lulu Santos e João Bosco, dentre outros grandes nomes da música brasileira.
Cícero lançou ensaios filosóficos e livros de poemas. Em 2017, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras e tomou posse em 2018.
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