Gay conta como é ter doença que pode matá-lo se ele for passivo

Por conta de enfermidade, Chris Moore pode ter hemorragia e o reto descolado do intestino se penetrado

Publicado em 04/03/2021
chris moore gut feelings livro passivo
O desafio de lidar com a doença era vivido com o impedimento de ter uma vida sexual completa

Prazer sexual levar à morte é algo real para rapaz gay que, por conta de uma doença, não pode ser passivo na cama para não correr sofrer hemorragia e ter o reto descolado do intestino.

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A história é contada por Chris Moore no livro Gut Feelings (literalmente, sentimentos instestinais e que no inglês também significa pressentimentos).

No desabafo, feito ao site Pink News, Chris conta que aos 11 anos percebeu que gostava de meninos e poucos meses depois estava internado em um hospital com o diagnóstico de uma doença.

Ele descobriu ser portador de polipose adenomatosa familiar, mal hereditário raro que faz com que a pessoa desenvolva pólipos pré-cancerosos no intestino grosso e no reto.

"Quando foi feita a colonoscopia, veio o diagnóstico de que eu precisaria remover meu cólon, o que eu fiz aos 13 anos", lembra Chris. Mas o processo não parou aí. 

"Foi necessário começar a retirar o revestimento do meu reto quando eu tinha 17 anos. Fiquei me perguntando o que isso significava para mim. Eu não tnha me assumido. Passei muitos anos entre cirurgias tentando entender o que significava ser gay e aceitar isso."

O desafio de lidar com a doença era vivido com o desejo sexual e a vedação a senti-lo de forma completa. 

'Lembro-me de falar com minha mãe e de ser encaminhado até a enfermeira, que me disse que, se eu fosse gay, nunca seria capaz de ser passivo quando se tratasse de sexo anal. Se o fizesse, teria uma hemorragia e possivelmente morreria, porque isso desalojaria os pontos que prendem o intestino delgado ao que sobrou do reto."

Na ocasião, Chris nunca sequer havia ficado com outro garoto. "A escolha foi tirada de mim. Então, eu nunca saberei realmente quais seriam minhas preferências sexuais, mas parte de mim acredita que eu seria versátil", afirma.

"Eu teria gostado de experimentar todos os aspectos do sexo e da sexualidade, mas minha doença apresenta complicações."

Ele diz que às vezes alguns homens com quem conversa em aplicativos veem sua situação como um desafio, o que ele acha assustador.

Chris também ficou muito tempo com trauma por causa das cicatrizes da cirurgia. Uma delas ia do umbigo até abaixo da cintura.

"Não era fácil olhar no espelho, muito menos deitar ao lado de outro cara", diz. "Mesmo dormindo ao lado do meu namorado há um ano, eu não gostava quando ele me tocava e se ele chegasse perto da cicatriz, eu batia na sua mão".

Deprimido, ele procurou um médico, que o indicou a um cirurgião plástico.

"Embora eu ainda tenha a cicatriz, é mais o que eu esperava que fosse. Aos poucos, comecei a aceitar meu próprio corpo e a aceitar minhas limitações e restrições alimentares. Aprendi desde o início que havia certas coisas que eu não conseguia comer ou beber."

Ele se recorda que adora tomar cidra, mas passou vexame ao beber com amigos e depois marcar de sair com enfermeiro com quem estava ficando. 

Ao acordar na cama do rapaz, na manhã seguinte, percebeu que tinha evacuado enquanto dormia.

"Voltei para casa, rezando para que o taxista não comentasse sobre o cheiro", relembra.

"Aprendi muito jovem que precisava ouvir meu corpo, falar sobre meus sentimentos. Há momentos em que me sinto privado de experiências sexuais, mas lembro a mim mesmo que estou vivo e, por todas as limitações, sou digno."


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