15 curiosidades sobre Stonewall Inn e a revolta histórica LGBT

Três livros importantes registram detalhes sobre a trajetória do bar e do enfrentamento contra a polícia

Publicado em 28/06/2021
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Uma das últimas músicas que se ouviu na madrugada do dia 28, antes da revolta, foi Satisfaction, dos Rolling Stones

Sábado, 28 de junho de 1969, 1h30. Um grande capítulo da luta pelos direitos LGBT começava aí. Onde? Em Nova York, no já então bairro gay Greenwich Village, e mais precisamente no The Stonewall Inn, um bar de parede de tijolos aparentes. 

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E era só isso? Não, há muitos detalhes sobre o local, a Revolta de Stonewall - marco da luta moderna pela cidadania arco-íris -, e os dias seguintes ao episódio. 

Veja 15 coisas que talvez você não saiba e que estão em três livros-base que contam essa história, que não seria a mesma depois do primeiro grito de gay power

1. O lugar era o único em toda a cidade em que pessoas do mesmo sexo podiam dançar juntas. O bairro de Greenwich Village, onde fica o bar, tornou-se local de frequência homossexual na década de 1920. 

2. Até 1930, existiam duas casas, nos números 51 e 53 da Christopher Street. Naquele ano, houve reforma que as transformou num imóvel só.

3. O primeiro nome do espaço foi Bonnie's Stone Wall Inn. O local passou por outros donos até ficar vago. Em 1967, foi comprado por um mafioso chamado Ernie a pedido de seu filho, Fat Tony, que reabriu o endereço já com foco no público gay.

4. Uma das últimas músicas que se ouviu na madrugada do dia 28, antes da revolta, foi Satisfaction, dos Rolling Stones.

5. Os protestos duraram quase uma semana. A primeira noite foi a mais violenta, na madrugada do sábado 28. Há relatos de que teria começado por volta de 1h30. Os atos de resistência retornaram na noite do sábado e, em grau bem menor, no domingo 29. Após dois dias de calmaria, manifestantes se organizaram novamente na quarta-feira 2 de julho, mas, desta vez, a revolta era capitaneada por outros movimentos, como o de esquerda.

6. As primeiras coisas que o público atirou nos policiais foram moedas, chamando-os de "pigs" (porcos) - o dinheiro era alusão à corrupção da polícia, que recebia dinheiro da máfia. Com o acirramento da revolta, garrafas, copos e lixeiras também passaram a ser arremessados contra os agentes de segurança. 

7. Um dos motivos da revolta: na terça-feira anterior, o bar já havia passado por uma batida, ainda que possivelmente combinada com os policiais, o que era como um padrão. Já no dia 28, a polícia não avisou aos proprietários que iria ao bar. Todas pessoas foram pegas de surpresa. 

8. O poeta da geração beat Allen Ginsberg, gay assumido, era vizinho do Stonewall, mas só entrou ali, pela primeira vez, na tarde do domingo 29. Mesmo após parcialmente destruído, o espaço abriu, sem música (os policiais haviam quebrado as jukeboxes). Allen ficou uma hora lá dentro: "Poder gay. Isto não é o máximo?", ele teria dito.

9. O grito de "gay power" (poder gay) foi ouvido pela primeira vez durante os protestos pela boca do ativista Craig Rodwell, ex-namorado de Harvey Milk, e um dos organizadores da marcha que se tornaria a primeira parada gay de Nova York, no ano seguinte, em comemoração ao primeiro ano da rebelião. 

10. Havia dois salões principais no bar: o da frente tocava músicas mais mainstream, como Beach Boys, e o da parte de trás, mais soul music. Alguns chamavam as pistas, respectivamente, de "white room" e "black" ou "Puerto Rican" room, já que a primeira atraía mais brancos e negros e porto-riquenhos frequentavam mais a segunda.

Dentro do Stonewall Inn: o bar gay de Nova York

11. Desde àquela época, gays já gostavam de trocar letras das músicas para deixá-las mais divertidas. Uma das "versões" favoritas era alterar Trains and Boats and Planes, de Dionne Warwick.

A música dizia: "Trains and boats and planes are passing by to Paris and Rome for someone else but not for me" (Trens, barcos e aviões estão passando por Paris e Roma por alguém mas não por mim). E era cantada assim, em uníssono, pelos frequentadores: "Faggots and dykers and queers are passing by, it means a trip to Paris and Rome for someone else but not for me" (Bichas, sapatões e viados estão passando, significa uma viagem a Paris e Roma para alguém mas não por mim).

12. Uma das dicas dadas aos clientes para avisar sobre as batidas era mudar a cor da iluminação rapidamente. Assim, os casais se separavam. 

13. Na noite da revolta, após a tropa de choque chegar, alguns dos manifestantes mais jovens se davam os braços, um ao lado do outro, e faziam coreografias, como no estilo das Rockettes, levantando as pernas e cantando: "We are the Stonewall Girls / We wear our hair in curls / We wear no underwear / We show our pubic hairs" *(Nós somos as Stonewall Girls / Usamos os cabelos cacheados / Não usamos roupas íntimas / Mostramos os pelos pubianos).

14. Um dos legados da revolta é o orgulho de colocar a palavra "gay" em organizações. A maior até então era a Mattachine Society. Após Stonewall, surgiram a Gay Liberation Front (GLF) e a Gay Activists Alliance (GAA).

15. Após Stonewall também se iniciou um importante movimento de prestigiar (e abrir) lugares que pertencessem a gays, em vez de contribuir e se sujeitar à máfia, que possuía a maior parte dos endereços até então.

Informações extraídas dos livros Stonewall: The Riots that Sparked the Gay Revolution, de David A. Carter; The Stonewall Riots, de Charles River Studios, e Stonewall: The Definitive Story by LGBTQ Rights Uprising that Changed America, de Martin Duberman.


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