Estudante de história, a técnica em informática Natália Granato, de 25 anos, está disposta a fazer revolução na política de BH.
Curta o Guia Gay BH no Facebook
Lésbica e candidata a vereadora pelo Psol, a moradora do bairro Nova Esperança defende mudança significativa na gestão da capital. Aí estão, por exemplo, revogação da lei de responsabilidade fiscal, não pagamento da dívida pública, eleição direta para secretário de Educação e definição do orçamento municipal por conselhos populares.
Veja as ideias da pleiteante a seguir em entrevista ao Guia Gay BH.
Em que acha que sua candidatura pode contribuir para a cidadania arco-íris de BH?
Acredito que seja fundamental, para além da representatividade, ter LGBT à frente de Belo Horizonte que se preocupem com os trabalhadores e trabalhadoras e a juventude pobre.
É essencial que tenhamos políticas públicas na nossa cidade para segurança, educação e saúde da população LGBT trabalhadora, que nos momentos de crise é duramente atacada com projetos de ajuste, o desemprego e a precarização, além da constante perseguição ideológica, que muitas vezes, transforma-se em atos de violência física.
Para combater essa política ultraneoliberal e de extrema direita, é essencial ter um projeto diametralmente oposto que perpassa por responsabilizar a burguesia e seus governos pela crise e garantir serviços públicos e políticas para atendimento digno das pessoas LGBT; o que hoje se traduz por lutar contra a nefasta reforma administrativa e a suspensão da dívida pública.
Como mulher lésbica e trabalhadora, me comprometi com a Agenda Marielle Franco e com a pauta da Suspensão do Pagamento da Dívida Pública, permanecendo irredutivelmente na luta cotidiana, única capaz de modificar nossa realidade!
Nesse sentido, minha candidatura é a candidatura a serviço das lutas e mobilizações em curso contra o governo Bolsonaro/Mourão e seu projeto de desmonte e genocídio!
Quem votar em você vai ajudar a eleger pessoas do PSOL. Qual o compromisso do partido com a pauta LGBT?
O Partido Socialismo e Liberdade historicamente esteve ao lado dos LGBT e abraçou a nossa pauta desde o seu surgimento. O Psol é o partido que nos defende nas ruas e no parlamento.
Demonstração disso é que os nossos militantes estão em todos nos processos de luta pelos direitos do povo trabalhador e as pautas democráticas e têm numerosos projetos de lei e investidas nas câmaras do Brasil pela luta LGBT.
O voto no PSOL, acompanhado da permanência nas lutas, define o compromisso com a pauta das pessoas LGBT. Nesse sentido, "ajudar a eleger pessoas do Psol" significa apostar num projeto de defesa intransigente às lésbicas, gays, bissexuais e transexuais.
Fora da questão LGBT, quais são suas três principais propostas?
Revogação da lei de responsabilidade fiscal. Nessas eleições assinei o compromisso com a Auditoria Cidadã da Dívida. Defendemos que o dinheiro público seja investido em saúde, educação, saneamento, cultura e geração de emprego e renda! Para isso é preciso suspender o pagamento da dívida do município e lutar pela Suspensão da Dívida Pública do país.
Além disso, defendemos que os mais ricos e as grandes empresas paguem mais impostos e que o orçamento da cidade seja debatido e conduzido por conselhos populares.
Exigimos mais vagas na escola pública. Lutaremos por mais vagas nas creches e escolas municipais para todas as crianças que necessitarem, garantindo merenda de qualidade e espaço escolar bem equipado e com equipe multidisciplinar valorizada.
Defendemos a realização de concurso público para as equipes multidisciplinares a serem implementadas nas escolas, educação livre, transformadora e 100% pública.
Por isso apresentaremos projeto para a gestão democrática das escolas e creches em Belo Horizonte, com eleição nas comunidades escolares para eleger os dirigentes. Defendemos que o/a novo/a secretária seja escolhido em eleição direta!
Na sua opinião, a necessidade de estabelecer cotas raciais e de gênero nas candidaturas em um país cuja população é formada por maioria de pessoas negras e de mulheres é atestado de falência do voto identitário?
É uma prova de que o racismo, sexismo, machismo e a LGBTfobia instauraram ideologicamente a percepção de que negras, mulheres e LGBTs não são capazes de estar à frente da política, o que os desencoraja de estar nesses espaços.
As cotas, nesse sentido, são fundamentais para incentivar a participação consciente dos grupos tidos como minorias sociais na representação das pessoas.
No entanto, essa política infelizmente é ainda insuficiente tendo em vista os ataques profundos e manutenção constante das estruturas de opressão na nossa sociedade.
Além de as cotas não garantirem sozinhas a ocupação da Câmara e mesmo de candidaturas comprometidas com os LGBT, mulheres e negros e negras e, sobretudo, com a classe trabalhadora.
É preciso ter mulheres negras vinculadas às lutas concretas dos oprimidos e explorados nas candidaturas pelo Brasil!
Como lida com o fato de o Psol atacar o sistema capitalista e receber, de forma geral, mais votos de segmentos populacionais que são beneficiadas por esse mesmo sistema?
O Psol não recebe votos de pessoas beneficiadas pelo sistema capitalista. Isso porque os beneficiários desse sistema são aqueles que detêm os meios de produção, ou seja, a burguesia.
O Psol é o partido que denuncia os capitalistas que retiram nossos direitos e passam a conta da crise aos trabalhadores, negros e negras, LGBT e mulheres que são diariamente explorados pelos grandes empresários e milionários desse país e do mundo.
Os de cima, com toda certeza, não votam no partido que é contrário à reforma da previdência, trabalhista e ao mais brutal ataque à classe trabalhadora: a reforma administrativa.
AVISO: Esta entrevista faz parte de projeto do Guia Gay BH de entrevistar todas candidaturas LGBT à Câmara Municipal de BH.
Todas as candidaturas recebem três perguntas iguais e duas específicas, que podem coincidir ou não, a depender dos partidos e dos perfis das pessoas pleiteantes.