Estudo contesta lista de mortes de LGBT no Brasil feita por GGB

Análise cita diversos erros da entidade ativista, tal como inclusão até de casos ocorridos no exterior

Publicado em 07/05/2019
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Relatório de grupo de estudiosos considera que apenas 31 de 347 casos seriam causados por discriminação

O Brasil é o País que mais mata LGBT no mundo? Estudo publicado no último dia 1º contesta frontalmente essa frase que ecoa na mídia, no mundo acadêmico e no ativismo.

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Coordenada pelo mestre em genética e biologia molecular Eli Vieira, a análise destrinchou o relatório publicado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) em 2016, que contabilizou 347 assassinatos de LGBT.

De todos os casos relatados, o estudo de Vieira apontou que apenas 31 realmente seriam motivados por discriminação, o que perfazem 9%.  

A gigantesca diferença entre as conclusões dos dois documentos é motivado, de acordo com o estudioso, pelos "graves problemas de rigor" do GGB.

Os erros seriam vários. Um exemplo é o da transexual Kimberly, morta com 94 facadas pelo namorado em Florença, na Itália. Apesar disso, o caso entrou na estatística, que se coloca como retrato da realidade brasileira.

O estudo de Vieira aponta que os autores da listagem do GGB erraram inclusive na orientação sexual das pessoas mortas ao ler notícias da imprensa, principal base de informação do relatório.

A morte de um casal foi retratada assim no site TV Diário: "Adolescente de 14 anos e namorado de 19 são assassinados a tiros em Caucaia".

Ao ler a reportagem, via-se que se tratava de casal hétero, mas o GGB considerou os mortos como dois homossexuais.

O estudo também questiona a inclusão de todos os suicídios de LGBT como motivados por discriminação.

"É evidente que, nem sempre que um LGBT se mata, é possível afirmar que a causa primária de sua decisão é a homofobia", diz

E continua: "Suicidas geralmente sofrem de depressão, que é em si a causa imediata de sua morte. É quase sempre impossível separar suicídios motivados por homofobia de suicídios de LGBT motivados por outros problemas, ao menos que haja alguma evidência como uma carta de despedida em que o suicida o diz explicitamente."

O estudo segue em frente e aponta inúmeros outros casos incluídos no relatório do GGB sem apuração e/ou por mortes acidentais creditadas como homofobia. 

Os exemplos seriam vários: o diretor de teatro Glauber Teixeira morreu afogado, uma morte foi motivada por overdose, um casal de lésbicas eram traficantes de drogas e foram mortas na disputa com outra quadrilha em Goiânia.

O estudo afirma que quando questionado sobre o por quê incluir casos claramente não motivados por homofobia em seu relatório (como as das traficantes de drogas), o GGB responde com afirmação de que a "homofobia é estrutural" no País e para se explicar cita o seu próprio relatório, criando um ciclo vicioso de respostas que jamais explicam algo.

Relatório do GGB é contestado por estudo de Eli Vieira

 

O estudo de Vieira lembra que duas importantes agências de checagem de fatos não corroboram com o relatório do GGB. O Truco, da Agência Pública, classificou a afirmação de que "o Brasil é o país que mais mata LGBT" como "impossível provar". A Agência Lupa disse que é "insustentável".

O estudo conclui que qualquer número de LGBT mortos por serem LGBT no Brasil é preocupante e exemplo de que a cultura ainda não se transformou o suficiente na direção do respeito ao indivíduo diferente. "No entanto, tentativas de inflar esses números, honestas ou não, dificilmente ajudam a qualquer causa justa."

"A maior aliada da justiça é a verdade. E o maior aliado da verdade é o rigor. Faltam rigor e verdade nos números mais divulgados sobre violência contra LGBT no Brasil", conclui o geneticista, que é homossexual e ficou famoso há uns anos ao contestar o pastor e psicólogo Silas Malafaia, o qual defendeu não haver provas de que homossexualidade pode estar nos genes. 

Tenha acesso ao estudo de Eli Vieira e colaboradores sobre mortes de LGBT no Brasil aqui. 


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