O presidente da Embratur, Gilson Machado, mostrou-se transfóbico ao criticar a peça de teatro O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, que já foi apresentada em algumas capitais e na qual Cristo é uma travesti.
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Os comentários agressivos e preconceituosos foram feitos em live com a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.
Na conversa, na quarta-feira 24, Machado afirmou que a diferença entre o sagrado e o profano não é tênue, "é grossa".
E continuou: "Essa linha foi rompida, porque querer impor sua sexualidade perante a grande maioria dos cristãos brasileiros é abominável."
"E outra coisa: eu não tenho nada contra quem usa seu orifício rugoso infra-lombar para fazer sexo. Mas querer impor a sexualidade a uma grande maioria de cristãos e querer desvirtuar a forma que Jesus Cristo veio à Terra..."
"Está escrito na Bíblia: Jesus Cristo nasceu, cresceu, foi crucificado e ressuscitou em forma de homem. Maria, sim, essa foi uma grande mulher, que acompanhou todo seu sofrimento."
Na sequência, Machado pediu desculpas pelo seu "desabafo".
O curioso é o ataque vir de alguém que representa o turismo, levando-se em consideração que LGBT representam 10% de todo os viajantes e injetam milhões de reais na economia.
Na outra ponta, a discriminação foi ouvida justamente pela ministra que defende ou deveria defender as minorias. E ela ficou calada.
Presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, Ricardo Gomes lamentou, em nota, a fala de Machado.
"Em um momento em que o turismo começa a pensar na retomada do setor, responsável pela geração de milhões de empregos, e que o turista LGBTI+ se destaca como um dos que será mais importante nesse momento, é desastrosa a fala do presidente da Embratur. Apesar de não refletir o sentimento de toda a população brasileira, atinge a promoção do destino Brasil de forma direta por seu papel institucional", diz.
Pesquisa recente da Associação Internacional de Turismo LGBTI+ mostra que 66% dos turistas arco-íris pretendem viajar tão logo seja possível.
"Nossa pesquisa comprovou que o turista LGBTI+ sairá na frente na retomada", afirma Clovis Casemiro, representante da entidade no Brasil. "Essa fala do presidente da Embratur sinaliza que nosso país irá perder espaço frente a outros destinos que já entenderam a importância do segmento LGBTI+, especialmente nesse momento em que vivemos."