O sobrenome de Sara é Azevedo. A razão de vida de Sara é a educação! É o que se constata ao conversar com essa professora de educação física da rede estadual e ler suas propostas apresentadas para conseguir vaga na Câmara Municipal de Belo Horizonte.
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Lésbica, Sara é do Psol e defende que o partido é comprometido com causa LGBT. "O pensamento político do Psol abraça a diversidade e a inclusão, entendendo que toda a discriminação somente adoece ainda mais a sociedade."
Veja mais em entrevista de Sara ao Guia Gay BH.
Em que acha que seu mandato pode contribuir para a cidadania arco-íris?
No país que mais mata LGBT no mundo, com a expectativa de vida de transexuais sendo de 35 anos, sei muito bem que defender as pautas da diversidade sexual e da identidade de gênero é um desafio diário.
Lutar contra a intolerância e a discriminação é muito mais do que uma bandeira, é parte da minha vida, como mulher, lésbica e professora - tudo o que sou com muito orgulho.
E acredito que essa luta passa pela educação; é por aqui que podemos transformar Belo Horizonte. Na Câmara de Vereadores, quero investir em uma BH Educadora, combatendo as ações conservadoras contra o debate de gênero nas escolas.
Uma de minhas propostas está relacionada à realização de oficinas sobre diversidade para professores, pois sei que uma conversa democrática e plural dentro das escolas pode nos ajudar a valorizar a cidadania LGBTIQ+.
Quem votar em você vai ajudar a eleger pessoas do Psol. Qual o compromisso do partido com a pauta LGBT?
Desde de sua fundação, o Psol tem acolhido e lutado pelas pautas LGBTs, ajudando a avançar essa luta diária. Estamos sempre contra o atraso, o obscurantismo, o pensamento retrógado, que são marcas do atual governo federal.
O pensamento político do Psol abraça a diversidade e a inclusão, entendendo que toda a discriminação somente adoece ainda mais a sociedade.
Nosso compromisso é ir contra a discriminação por gênero e sexualidade, providenciar meios sociais de varrer do País os casos de violência que vitimam as pessoas LGBT e promover a cidadania e os direitos humanos em defesa da vida.
Ao assumir um cargo político público, qualquer representante do Psol faz valer esse compromisso. Não poderia ser diferente.
Fora da questão LGBT, quais suas três principais propostas à população de BH?
Sou professora da rede estadual de ensino e coordenadora da rede Emancipa. Assim, não poderia deixar de pautar minha atuação pela defesa da Educação - popular, pública e de qualidade para todos.
Defendo uma BH Educadora, uma cidade que pode ser pensada e planejada através de um diálogo da educação com diversas instâncias sociais.
Esse é meu ponto central, que dialoga com saúde, por exemplo, principalmente nesses tempos em que há uma pressão por parte do governo de Minas Gerais para o retorno imediato em plena pandemia.
Essa pressão desrespeita tanto saúde quanto educação e minha posição é contrária à volta às aulas presenciais agora, até mesmo por uma questão de humanidade.
Pensar saúde e educação, nesse caso, é considerar alertas de pesquisadores, como os da UFMG, que aponta que podemos estar próximos de uma segunda onda de contaminação pelo coronavírus. Um gestor público, pensando nesses dois pontos, não pode deixar de ponderar a partir daí ou arriscar a vida da população.
O terceiro ponto, também em conjunto com a educação, diz respeito à formação e consolidação de uma Escola Feminista e Antirracista, capacitando professores em relação às questões de gênero e história de matriz africana, para formar cidadãos que entendam que diversidade e inclusão são alguns dos mais importantes motores de uma sociedade.
O que atuar em cursinhos populares lhe ensinou e que você pretende levar para a Câmara Municipal?
O principal ensinamento - e esse eu levo para a vida - é que a educação é um instrumento poderoso de transformação real.
E a educação popular vai além de oferecer possibilidades para quem, se fosse por conta do atual governo federal, poderia nunca ter nenhuma.
A educação é tão perigosa que não foi à toa que esse governo a escolheu como principal inimiga.
Atuar na rede Emancipa me faz ver constantemente o valor de ajudar a formar cidadãos. E é essa formação, para toda a cidade, que eu quero ajudar a implementar, pensando em uma BH melhor para todos através da educação.
Você defende que haja índices de desempenho que dêem base para aumento salarial de professores? Por quê?
Defendo a valorização profissional dos professores. Isso se dá do ponto de visto pedagógico com estrutura física adequada, material didático qualificado, promoção acadêmica (com destinação de tempo para promoção da pesquisa) e salários condizentes com o trabalho.
A produção intelectual e de conhecimento gerido no ambiente escolar não pode ser ranqueado, pois educação não gera lucro. Não é empresa, portanto, não trabalha com índices individuais. Portanto, nosso papel precisa ser valorizado, não competitivo entre nós, professoras e professores.
AVISO: Esta entrevista faz parte de projeto do Guia Gay BH de entrevistar todas candidaturas LGBT à Câmara Municipal de BH.
Todas as candidaturas recebem três perguntas iguais e duas específicas, que podem coincidir ou não, a depender dos partidos e dos perfis das pessoas pleiteantes.