Por Raphael Rocha
Pense em uma banda com cinco vocalistas e apenas uma pessoa responsável pelo som das músicas. Pode até parecer improvável, mas ela existe! É a Banda Viada, composta por Marcelo Veronez, Simplesmente Marta, Guilherme Morais, Marina Viana, Marina Arthuzzi e GA Barulhista.
O sexteto agita Belo Horizonte com composições autorais e mashups de grandes ícones da cultura pop. "A gente vai de Margareth Menezes, passa por Rosana, Madonna, George Michael e até coisas da TV dos anos 1990", afirma Simplesmente Marta ao Guia Gay BH.
A banda formada por amigos que se conheceram no teatro nasceu em 2015, já ganhou espaço na Virada Cultural belorizontina e até convite para abertura de um festival queer em Córdoba, na Argentina. Idealizada por Guilherme Morais, o projeto veio com a proposta de "fazer festividade, viadagem, dar muita pinta em comunhão e alegria". Para ele, a Banda Viada "é um teatro performático do não ideal de uma banda".
Suas composições são pautadas por acontecimentos atuais, ou não, que viralizam na internet, como o caso do protesto que aconteceu em BH contra o governo Dilma na qual os manifestantes pedem intervenção militar. "Durante entrevista um dos manifestantes afirma que pedir este tipo de intervenção não é uma boa ideia e, de repente, um rapaz entra na frente da câmera e diz 'então por que você não vai se juntar com os gays do PT pra vender droga na Savassi?'. Aí nós fizemos uma música questionando esse raciocínio, é a Gay do PT", conta Guilherme.
O grupo apresenta músicas de vários gêneros com uma nova roupagem tropicalista e debochada. Em uma das performances mais marcantes dos artistas, eles se apresentaram no Sesc Palladium durante a Virada Cultural de BH, em 2015. Na ocasião, havia dezenas de homofóbicos no local insultando e ameaçando as pessoas que estavam aguardando a entrada da banda, que subiria ao palco à 1h.
Ao perceber o que estava acontecendo, os integrantes da banda entraram em contato com produção do local, que se prontificou a agir contra os preconceituosos de plantão. Ainda assim, o sexteto tomou uma decisão. "Fomos com tudo pra cima dos 'haters' e demos uma surra de glitter neles. Foi uma apresentação linda! Foi um acontecimento e tava lotado! No início ninguém entendeu, mas depois todo mundo entrou no clima", relembra Guilherme.
Marcelo Veronez conta que em todas as apresentações do grupo, nos primeiros momentos, o público fica perdido, pois não estão acostumados com uma banda neste formato e com a proposta que eles têm. Mas já na terceira música a plateia se entrega e entra no clima do show. "Acho que o dia que a gente perder esse susto, acabou a Banda Viada".
Sem o ideal de construir uma carreira sólida na indústria musical, a BV segue na contramão dos artistas que vivem de álbuns, grandes turnês e uma gigantesca equipe de divulgação por trás de seu sucesso. "A gente se diverte parodiando esse ideal. Parodiamos até a ideia de ter uma turnê e milhões de cópias vendidas. A gente é diva, na lama, mas diva. Parodiar isso é muito divertido", explica Marina Viana.
Para este ano, a banda pretende arrecadar verba para comparecer ao festival de Córdoba e gravar um videoclipe, que já tem tudo planejado desde o final do ano passado. Infelizmente não é possível encontrar as músicas ou até mesmo comprar o álbum do sexteto. Eles não têm pretensão de gravar um CD e para conhecer o trabalho dos artistas é necessário comparecer aos seus shows.
"Nossa banda é um ato performático libertário e tem a ver com as nossas origens como artistas. Temos formação com teatro, performances, dança, música e aí é muito mais interessante esse encontro ao vivo com as pessoas", destaca Viana. "Fazemos parte de um projeto completamente diferente do que tem se produzido de música em Belo Horizonte nos últimos anos. Não existe nada que seja musicalmente parecida com a Banda Viada na nossa cidade!", completa Veronez.
Aos interessados pelo trabalho da banda, o próximo show da BV está programado para 15 de abril dentro da Mostra de Arte Erótica, na A Autêntica.