Um professor de Rio Negrinho (a 260 km de Florianópolis) deixou a cidade catarinene por medo de ataques. O motivo? Ele coordenou atividade em que os alunos pintaram escada nas cores do arco-íris LGBT.
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A intervenção foi feita no último dia 15 na Escola Henrique Liebl como proposta de fim de semestre e foi retirada no mesmo dia após a repercussão.
O educador, que não teve nome divulgado, está há quatro meses no colégio e foi contratado como temporário.
Segundo o Diário Catarinense, ele sugeriu a três turmas do último ano do ensino fundamental que pensassem em um tema para ser abordado por meio da arte.
Um dos grupos escolheu falar sobre caminhos, outro sobre afeto e um terceiro, diversidade. Este último, pintou escadas e colocou palavras presentes na sigla LGBT.
'Eles (alunos) trouxeram o tema e a ideia, compraram os materiais, mediram cada degrau da escada e, no fim, a última palavra colada era eu sou humano", explicou o professor à reportagem.
Uma foto da ação percorreu grupos de mensagens e chegou ao Conselho de Pastores Evangélicos de Rio Negrinho.
Em gravação, um pastor chamou a atividade de "campanha de incentivo ao movimento LGBT" e pediu que os pais não deixassem professores doutrinar os filhos "dentro da escola à sua ideologia".
Um outro pastor, Ismael Azevedo da Silva, foi à Câmara de Vereadores e sugeriu intervenção política na escola.
O vereador Ineir Miguel Mittmann (PSC), conhecido como Kbelo, atendeu o pedido e solicitou à escola dados como plano de aula e diário do professor sob justificativa de "forte preocupação" por um professor "impor o seu pensamento e sua prática de gênero diante de menores inocentes e indefesos".
A direção da escola pediu desculpas a quem tenha se sentido ofendido, esclareceu que nenhuma ideologia foi imposta aos alunos e que a atividade abordou a liberdade de escolha do ser humano.
Em meio a mensagens agressivas e turbulência local, o educador deixou a cidade e entrou com representação no Ministério Público (MPSC) na qual solicita a abertura de procedimento de investigação sobre possível violação de direito de minoria e crime de homofobia:
"Estou com medo pela minha integridade física e pelo meu emprego", relatou.
Ele reforça: "Em momento algum eu quis impor algo, muito pelo contrário, a ideia de abordar o tema surgiu dos próprios alunos. Eles usaram a escada, outra turma usou os corredores, para abordar 'caminhos' e uma delas fez a atividade na sala dos professores. Eram intervenções fundamentadas na proposta pedagógica do colégio."
"É uma turma que tem entre 13 e 14 anos e que viu todo o trabalho por eles preparado ser arrancado, censurado no mesmo dia em que foi feito. Eles estão arrasados."
Uma das advogadas que representa o professor, Jéssica Diane Bail, explicou que ela e a equipe juntaram provas das violações de cunho homofóbico que o educador vem sofrendo desde 15 de julho, principalmente por meio de comentários e vídeos.
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