Kalil quer parada de BH a maior do País! 5 passos para fazer isso

A cidade deseja emprego, renda, impostos? Então a cidade precisa do turismo LGBT

Publicado em 16/07/2017
turismo lgbt bh
Aproveitar o que BH oferece em cidadania e lazer, ir além e divulgar: no fim do arco-íris tem um pote de ouro

Editorial

Foi para ecoar: "Vamos fazer nos próximos quatro anos a maior parada do Brasil". Não veio de qualquer um e não foi em qualquer momento. O vocalizador foi o prefeito de BH Alexandre Kalil (PHS) em sua participação no palco da 20ª Parada do Orgulho LGBT de BH, no domingo 16. Registre a data, pois foi a primeira vez que um mandatário da cidade deu a cara no maior evento de cidadania da capital. 

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Deu a cara e o compromisso. O público, estimado no momento em 30 mil pessoas, aplaudiu. E quem mais deve fazer o mesmo na cidade é o trade turístico, os estabelecimentos LGBT, os motoristas de táxi e Uber, os donos de supermercado, cada vendedor do Mercado Central, cada garçom, cada dona de barraca da Feira Hippie... A cidade inteira! 

Não é dado de conversa de bar em alguma calçada agitada de BH (com todo o respeito)! A Organização Mundial do Turismo tem que um de cada dez viajantes no mundo são LGBT, os quais são donos das bolsas e bolsos de onde saem 15% do dinheiro movimentado no setor no planeta. 

BH quer emprego? BH quer impostos? BH quer economia em ascensão? BH quer celebrar e marcar sua diversidade? Se a resposta for sim, BH quer o turismo arco-íris! 

Não se sabe ao certo se Kalil está ciente de onde se meteu! Paradas pelo Brasil, inclusive a de São Paulo, ostentam números para acima até de um milhão de pessoas. A de BH estaria na casa dos 80 mil. E a marcha paulistana, uau, a maior do mundo! 

Mas mineiro não daqueles que só vai atrás de ouro fácil de ser achado! Olhe o nome: mineiro! A busca pela pedra arco-íris lançada por Kalil é sim um grande desafio, mas possível em disputa saudável dentre cidades para, enfim, projetar-se como lugar de amores e desejos plurais, e de mais e mais economia em ascensão. 

O mapa da mina não está em caminhos, mas em passos importantes: 

1) BH ser mais e mais cidadã para LGBT
Não existe turismo LGBT sem cidadania LGBT. BH tem grandes desafios nesse sentido, mas já começa com altivez. Nome social de transgêneros respeitado em autarquias estadual e municipal, lei contra discriminação a LGBT, coordenações municipal e estadual LGBT, um movimento arco-íris que tem ganho mais e mais adeptos e frutos, centro de referência. Continuar nesse rumo é o horizonte (belo) para o LGBT que vive e o que vier visitar BH. Ah, sim, capacitação do trade turístico para bem receber o segmento está aí. 

2) Cultivar os ganhos da 20ª Parada 
A marcha de 2017 angariou nomes de peso no turismo, tais como os hotéis Othon, Mercure Hotels Vila da Serra, Ibis e Caeser Business Hotels, e Uber. No mais, uma produtora LGBT (@bsurda) e um coletivo de blocos de carnaval arco-íris (Fecha a Santa) se propuseram a estar junto na marcha. A Belotur, de forma inédita, entrou com R$ 100 mil e como grande patrocinadora.

Os locais LGBT rechearam a agenda com festas pré e pós paradas. Houve até duas inaugurações de casas, a boate Factory e o bar Vulcanik. Terminar a parada na Praça Raul Soares, point histórico LGBT, que esplêndido! A receita do bolo foi dada. Agora é crescer e mostrar para outras grandes empresas que a marcha de BH tem muito a oferecer e terá ainda mais!

3) Fortalecer a infraestrutura
Os R$ 100 mil postos pela Belotur na marcha são pouco ainda perto do que a prefeitura paulistana investe na sua parada: acima de R$ 1,4 milhão. Enfim, mas para início de namoro o dote desperta esperança. E realmente é preciso mais. O super palco montado na Praça da Estação é o drive do gigantismo que a parada deve assumir na infraestutura.

Os poucos em número e em potência de som dos trios elétricos em 2017 não deixaram a festa brilhar como poderia. A divisão gigantesca no trajeto entre trios, imperdoável. O parco número de banheiros químicos incomodou. Lembremos as palavras do prefeito: "A maior do País".

4) Elevar a autoestima da população LGBT de BH
Aqui o desafio é duplo, mas a recompensa também. O  maior embaixador e a maior embaixadora de uma cidade é quem mora nela. A prefeitura deve atuar com ações e com comunicação para mostrar à população LGBT o quanto a cidade já tem de sólido para mostrar em cidadania e também em entretenimento arco-íris (alguém aí falou do carnaval mega colorido que BH tem?).

Quando um LGBT de fora de BH mandar um Whats para o amigo da cidade e perguntar se compensa passar um fim de semana por aqui a qualquer momento do ano, se a parada será bacana, a mensagem de resposta tem de ser: "Compensa, uai! O trem aqui é bom demais! Vem lacrar!".

5) Divulgar maciçamente BH como destino turístico LGBT
Um dos maiores roteiros LGBT do Brasil - disputa constante com o Rio para o segundo lugar com troca recorrente de posições -, maior que o de muitas capitais européias, uma cidade com diversas leis e serviços de proteção a LGBT, agenda atrativa, com boates e labels de vários estilos, duas áreas LGBT (Savassi e Centro), uma super parada, a culinária mineira, os pólos de cultura, e o maior patrimônio: esse povo acolhedor! 

O fato é que hoje poucos LGBT do Brasil - e já se pode logo falar do Mercosul - sabem que BH tem tudo isso a oferecer. Não, a capital ainda - reforça-se - ainda não está no radar da comunidade arco-íris que procura avidamente onde gastar seu dinheiro e viver momentos alegres - com diversão e sem discriminação. É deixar para lá essa tal história de mineiro comer quieto. É propagandear e fazer o convite! 

No fim do arco-íris tem um pote de ouro... Uai, ouro é com os mineiros messssm, cê tá é doido! 


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